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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – ÍNDIO AJURICABA

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

Sou Amazonense, nascido na cidade de Manaus, moro no Bairro do Planalto, no Conjunto Habitacional Ajuricaba. Esta História, refere-se a um grande Herói Amazonense.

A História de ocupação da Amazônia começa quando levas de imigrantes asiáticos chegaram ao vale do rio Amazonas há mais de 14 mil anos. No momento em que essas populações passaram a desenvolver a agricultura e viver numa mesma área de terra, sociedades indígenas diversas e mais complexas emergiram nessa região.

Esses povos mais desenvolvidos viveram na Amazônia cerca de 2 mil anos, antes da chegada dos europeus, manejando a floresta de forma adaptada. Dela extraiam os recursos necessários para a sua sobrevivência e desenvolvimento.

Assim, no Século XVI, quando os europeus atingiram o Rio Amazonas, encontraram uma floresta habitada por povos indígenas diversos culturalmente. No século XIX, a Amazônia estava composta principalmente de indivíduos miscigenados: índios, brancos e negros.

Na última década do século XVI, Walther Raleigh, quando navegava pela Foz do Essequibo e do Baixo Orenoco, tomou conhecimento da existência dos Manáos, o mais famoso grupo indígena da Bacia do rio Negro. Os Manáos eram hábeis navegadores e ambicio­sos comerciantes, que usavam o ouro e escravos indíge­nas como moeda de troca.

Percorriam o Rio Negro e alcançavam, na estação das chuvas, as Lagoas do Japurá através do Urubaxi, onde adquiriam pequenas barras de ouro dos Aysuare, Ibanoma e Yurimagua. De posse do ouro e índios cativos, eles atingiam o “Mar do Norte”, subindo o Rio Branco até o Tacutu e atravessando um trecho terrestre até o Rupunuri afluente do Essequibo, para praticar o escambo com os holandeses instalados no litoral.

O comércio de ouro, pelos Managu (Manáos), foi relatado pelo Padre Cristóbal de Acuña, em 1639, e cinquenta anos mais tarde pelo Padre Samuel Fritz. Os nativos que contatavam os que extraiam o ouro eram chamados de Managu e os que habitavam o rio e se ocupavam de extraí-lo eram chamados de Yumaguari, que quer dizer em sua língua: “extrato­res de metal” (Yuma – metal e Guari – que extraem).

Os sucessivos “descimentos” (viagens da nascente a foz de um rio), haviam transfor­mado no século XVIII, a região do baixo rio Negro, da Foz (Rio Negro/Amazonas) até Barcelos. Uma extensão de aproximadamente 500 quilômetros, em uma área praticamente despovoa­da de aborígines.

Os Manáos faziam uma campanha sistemática de captura de índios de outras tribos, que trocavam por mercadorias com as tropas de resgate. Para não perder o rentável negócio, os Manáos impe­diam que as tropas de resgate alcançassem as cachoei­ras do Alto Rio Negro, onde existia uma considerável população indígena que lhes servia de “suprimento”.

O fim da hostilidade com os coloniza­dores portugueses, por volta de 1675, foi conso­lidado com o casamento de Marari, filha de Caboquena (Grande líder dos Manáos), com o Sargento Guilherme Valente.

No início do século XVIII, morre Caboquena, que habilmente conseguira es­tabelecer um contato amigável com os colonizadores portugueses. Assumiu, a liderança dos Manáos, o fraco e corrupto Huiuebene, filho mais velho de Caboquena e pai de Ajuricaba.

Ajuricaba havia sido preparado, desde cedo, pelo avô Caboquena para se tornar um líder. Passou muitos anos afastado da tribo, em virtude de problemas de relacionamento com seu pai Huiuebene.

Após o assassinato de Huiuebene pelas mãos dos invasores portugueses, Ajuricaba foi obrigado a retornar ao convívio dos demais, precipitou os acontecimentos e permitiu que ele assumisse o posto de Tuxaua dos Manáos, no início do Século XVIII.

Ajuricaba revoltou-se contra os colonizadores portugueses, negou-se a servir como escravo, tornou-se um símbolo de resistência e liberdade e jurou vingança. Procurou os holandeses que viviam no Suriname e eram inimigos de Portugal, para colocar seu plano em prática.

A resistência dos Manáos foi causada pelo antagonismo natural das tribos. A partir do século XVI, diversos exploradores vieram de várias regiões percorrendo as terras do rio Negro em busca do El Dorado e a nascente República Brasileira enfrentou na sua instalação muitas desavenças.

À medida que os exploradores avançavam, povoações iam surgindo. Com a formação desses povoamentos os indígenas, ou eram obrigados a se mudar da região ou ir para o cativeiro.

Muitos índios, atraídos pela tecnologia do homem branco tornavam-se cativos voluntariamente e, às vezes, serviam de guias à caça de seus próprios irmãos.

Ajuricaba organizou uma enorme frota de canoas para percorrer os rios da Amazônia e quando alguns indígenas começaram a guiar os portugueses na caça de índios, resolveu ir ao ataque.

Inconformado com a situação aliou-se aos holandeses. Os indígenas barganhavam produtos da mata em troca de mercadorias e utensílios fabricados pelos europeus, principalmente facões e armas de fogo.

O governador da província do Grão-Pará, o general João da Maia da Gama, nomeou Belchior Mendes de Moraes e José Borges Valério com a missão de defender as regiões invadidas e destruir a tribo guerreira. Quando a expedição chegou a vila de Carvoeiro no rio Negro, Ajuricaba havia capturado diversos índios catequizados.

Seguindo adiante, a expedição alcançou a flotilha de 25 canoas. Belchior ordenou a entrega dos presos e o repreendeu acremente. Quando regressaram à Belém, Valério tinha vários documentos contra Ajuricaba e seus irmãos Bebari e Bejari.

Quando tais fatos chegaram ao conhecimento do Rei, este ordenou que se iniciasse uma guerra de extermínio. Bem armados, os Manáos enfrentavam os portugueses, atacando as missões do rio Negro resistindo e impedindo a ação das “tropas de resgate” (tropas portuguesas em busca de escravos indìgenas), dentro de sua área de influência.

 Os portugueses temiam outros povos indígenas da região seguindo o exemplo dos Manáos, abrindo assim o caminho para uma invasão Holandesa no vale do rio Negro.

Após negociações de paz, que não duraram, os portugueses começaram uma “guerra justa”, contra os Manáos em 1727. Uma nova tropa foi organizada sob o comando do Capitão João Pais do Amaral, para reforçar a primeira tropa.

Ajuricaba resistiu por algum tempo, mas cercado com seus irmãos e mais de dois mil guerreiros, caiu prisioneiro, lutando. Um massacre indígena cometido pelos portugueses na Amazônia, que ganhou destaque e notoriedade histórica.

Enviado a Belém, onde seria vendido como escravo, durante a viagem, preso em ferros, Ajuricaba e seus homens tentaram matar os soldados da canoa onde estavam. A tentativa falhou: Ajuricaba e outro chefe indígena atiraram-se à água, preferindo o suicídio à escravidão.

O suicídio de Ajuricaba foi considerado heroico, tanto por seu povo, quanto pelos portugueses.

Sua figura ficou na memória popular repercutindo em diversas rebeliões e enfrentamentos de líderes indígenas contra colonizadores.

Fonte de pesquisa: Google e YouTube

Foto divulgação: Internet

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