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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – COBRA GRANDE (BOIÚNA)

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

É possível que você já tenha ouvido falar na lenda da Cobra Grande da Amazônia.

Hora ou outra, aparece alguma cobra passeando pelos arredores de algum vilarejo. Grande não, gigante!

A origem da lenda, pode estar relacionada ao fato que a Amazônia é o lar da maior cobra do mundo: a  SUCURI ou ANACONDA.

Habitat de tantas cobras grandes, certamente mexe com o imaginário e há várias histórias contadas por diferentes vilas e nações indígenas.

Presente no folclore amazonense, aparece em antigas e modernas festas, onde a Cobra Grande é cantada e contada em histórias fabulosas. Vamos apresentar apenas duas.

Primeira: Esta lenda diz que há muito tempo, em uma tribo Amazônica havia uma mulher muito má, que apreciava o sabor da carne de crianças. A tribo descobriu os feitos dessa mulher e para acabar com suas maldades, decidiu jogá-la no rio para que ela se afogasse.

Porém, um espírito do mal, chamado Anhangá, a salvou secretamente e decidiu casar com a mulher, que lhe deu um filho homem.

Anhangá transformou o filho em uma cobra, para que ele pudesse viver no rio. O garoto, ou melhor, a cobra, começou a crescer sem parar, até se transformar na maior cobra do mundo e passou a aterrorizar os rios da Amazônia.

Com o tempo o rio ficou pequeno para a cobra e os peixes já não eram suficientes para alimentá-la. Assim, a cobra começou a caçar e abater os ribeirinhos, que a batizaram de Cobra Grande.

Dizem que quando ela se arrasta sobre a terra firme, deixa imensos sulcos marcados pelo seu rastro. Possui uma incrível habilidade de subir em árvores e escarpas, como se não houvesse obstáculos pra ela.

Pescadores se surpreendem ao encontrar cobras enormes rastejando pela mata e entrando em pequenos buracos no meio da floresta Amazônica.

Essa cobra tem um corpo tão brilhante que é capaz de refletir o luar. Seus olhos irradiam uma luz poderosa a qual atrai os pescadores, que se aproximam pensando se tratar de um barco grande. Mas, quando chegam perto dela, viram seu alimento.

A cobra já foi vista em diversas regiões em todo o Amazonas. Pescadores contam que é comum sua aparição em regiões distantes da área residencial dos Municípios.

As anacondas costumam fazer seu lar em partes das florestas onde exista a criação de gado. Bezerros e bois podem ser fontes de alimentos das Cobras Grandes.

O ser humano não é uma presa natural desses animais. Que se alimentam de pequenos mamíferos e outros répteis.

O ideal é manter distância segura, respeitar e não chegar perto por curiosidade.

Segunda: A história mais comum por trás dessa personagem ameaçadora é da índia de uma tribo Amazônica que ficou grávida da cobra Boiuna.

Ela deu à luz a duas crianças gêmeas que nasceram com aparência de cobras. O menino recebeu o nome de Honorato (ou Norato) e a menina, Maria Caninana.

Assustada com a aparência da prole, ela decidiu lançar seus “filhos-cobras” no rio. A diferença entre a personalidade dos irmãos era notória: Honorato tinha um coração bom e sempre visitava sua mãe; Maria, por sua vez, guardava rancor e nunca foi visitá-la.

Por conta de seu temperamento, Maria sempre estava assustando a população e os animais ou mesmo naufragando embarcações. Seu irmão, não gostava de suas ações.

Assim, cansado e triste com os atos da irmã, ele resolve matá-la para pôr fim ao sofrimento de muitas pessoas.

Algumas versões relatam que em noites de lua cheia, Honorato transformava-se em um belo e elegante rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra. No entanto, quando passava a lua cheia ele voltava para sua vida nos rios.

Para quebrar definitivamente o encanto de Honorato, seria preciso que alguém tivesse muita coragem, para derramar leite na boca da enorme cobra e fazer um ferimento em sua cabeça até sair sangue.

Ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro. Até que um dia, um soldado de Cametá (Município do Pará), conseguiu libertar Honorato do terrível encanto, fazendo com que ele deixasse de ser a Cobra Grande e voltasse a viver em terra com sua família.

Diversos relatos destacam que ao rastejar pela terra firme, a Cobra Grande deixa sulcos que de tão grandes, se transformam em igarapés. Conta a lenda também, que a cobra-grande pode se transformar nas mais disparatadas figuras: navios, vapores, canoas ou outros seres, para enganar e engolir as pessoas.

Seus olhos são luminosos e aterrorizam as pessoas que a encontram. Presente no imaginário de muitas pessoas, essa lenda inspirou a criação de diversas músicas, poemas e filmes.

Dependendo do Estado e da localidade, existem diversas versões dessa lenda, as quais foram passadas de geração em geração.

Algumas características são frequentes, tais como: Grande é o rebojo e as cachoeiras que faz, quando atravessa o rio; O ruído produzido recorda o efeito da hélice de um vapor e; Os olhos, quando fora d’água, assemelham-se a dois grandes archotes, a desnortear os navegantes.

BOITATÁ (Autor: Ronaldo Barbosa – BOI CAPRICHOSO)

Um brilho no rio

Em noite escura

É fogo fátuo

Gênio Protetor dos campos

E das águas

Cobra grande

Boiaçú

Boiuna, boiuna

Sucurijú

A fera que surge do nada

Corre no corpo o arrepio

O sangue nas veias fica frio

Um fogo que água não apaga

Um facho de luz ilumina a escuridão

Seus olhos de fogo incandeiam

Tapando os furos

Singrando os rios

A dona da noite

A boca da noite

A dona da noite vai chegar

Boitatá, boitatá

Fogo no ar, fogo no ar

Cobra de fogo

Boiaçú

Boiuna flutua

Boitatá, boitatá

Fogo no ar, fogo no ar

Cobra de fogo

Boiaçú

Boiuna flutua

Música: pode ser ouvida no YouTube

Fonte: YouTube e Google

Foto Divulgação: Internet

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2 comments

SERGIO RICARDO MOTA CRUZ 06/04/2021 - 12:58

Belas lendas que merecem registro para a juventude ter conhecimento da nossa história. É identidade imaterial do nosso povo amazônico. Parabéns ao autor e a iniciativa desse blog.

Reply
Gilmar Couto 11/04/2021 - 15:24

Boa tarde Sérgio!
Muito obrigado pelos comentários, repassaremos ao autor!
Forte e fraternal abraço!

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