Início » HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – ASSOCIAÇÃO CULTURAL BOI BUMBÁ CAPRICHOSO

HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – ASSOCIAÇÃO CULTURAL BOI BUMBÁ CAPRICHOSO

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

Na Ilha Tupinambarana, onde está situada a cidade de Parintins, distante de Manaus, em torno de dezoito horas de motor ou mais ou menos uma hora de avião é realizado o maior Festival Folclórico do Amazonas.

Acontece com a apresentação dos Bois Bumbás: CAPRICHOSO E GARANTIDO. Acontece em três noites, no último final de semana do mês de junho, independente das datas em cada ano.

A Associação Cultural Boi Bumbá Caprichoso, mais conhecida como “BOI CAPRICHOSO” é representada pelas cores azul e branca.

Seu símbolo é a Estrela Azul, exibida na testa desde 1996. É o Guardião da Floresta, no imaginário caboclo e lendário dos povos indígenas.

O nome Caprichoso, teria como significado: pessoas cheias de capricho, trabalho e honestidade.

O sufixo “oso”, significando provido ou cheio de glória. Quando somados: “capricho” mais “oso”, pode-se dizer que é extravagante e primoroso em sua arte.

O local de realização dos festejos particulares, conhecido popularmente como curral é chamado de Zeca Xibelão, homenagem ao primeiro Tuxaua do boi-bumbá Caprichoso, falecido em 1988. Está localizado na parte considerada como azul da cidade.

Quem separa os lados de cada Bumbá é a Catedral de Nossa Senhora do Carmo.

O Boi Caprichoso, baseado em algumas versões, dizem que foi fundado por João Roque, Félix e Raimundo Cid, em 20 de outubro de 1913. Os três fundadores seriam irmãos, nascidos em Crato-CE, que se mudaram para Parintins devido ao Ciclo da Borracha.

Ainda segundo esta versão, o boi recebeu esse nome devido a sugestão de um advogado, de nome José Furtado Belém, que conhecia um outro boi, de nome Caprichoso, que existia no bairro da Praça 14 de Janeiro, em Manaus.  Defensores desta tese alegam ainda, que “Touro Galante” seria o apelido do Caprichoso à época.

Por outro lado, alguns moradores antigos da cidade afirmam que na verdade, o Galante era um boi fundado em 1913, citado em canções de Lindolfo Monteverde, fundador do CONTRARIO. O Galante teria sido criado por Emílio Vieira, o “Tracajá”.

Após uma briga com os irmãos Cid, estes teriam criado o Caprichoso, em substituição ao Galante, de forma que seria o Caprichoso uma dissidência do Boi Galante, criado, não se sabe exatamente se em 1925 ou 1929.  Há outras histórias sobre a fundação do mesmo.

Durante as três noites de apresentação no Festival de Parintins há obrigatoriedades a serem cumpridas pelo regulamento estabelecido por ambos os bois.

O Boi Caprichoso defende a cor azul, portanto, não pode apresentar nada com a cor vermelha e vice-versa.

As galeras (torcidas) de ambas as agremiações, não podem se manifestar durante a apresentação do boi adversário, com ofensas, gritos, zoadas, etc, sob pena de perder pontos. Isto nunca aconteceu, sendo um fenômeno social, de respeito pelo trabalho dos artistas, que é compreendido pelo torcedor.

APRESENTADOR – É o Mestre de Cerimônias que conduz o espetáculo.

Ao seu comando, conduz a tradicional chamada “olha o boi, olha o boi, olha o boi…” dando início a apresentação. Esse item também efetua o trabalho de narrador, fazendo a introdução às lendas, rituais e demais itens, apresentando-os convenientemente, além de chamar a atenção dos jurados e demais presentes aos itens em evolução na arena.

LEVANTADOR DE TOADAS – O levantador de toadas, com sua voz é quem tem a missão de entoar as toadas que sustentam o espetáculo.

Esse item está no contexto das festas em Parintins desde o início, quando o boi saia na rua e eram entoadas verdadeiras declarações de amor, exaltando o Caprichoso.

MARUJADA DE GUERRA – Sustentação rítmica, tradição base para o espetáculo, agrupamento de percussão que forneça um referencial rítmico indispensável às toadas.

São méritos para pontuação: Cadência diferenciada, ritmo e constância.

Diferenciais e comparativos: Harmonia, disposição de arena, ritmo, indumentária, cadência.

AMO DO BOI – É o personagem que representa o dono da fazenda aonde brinca o boi Caprichoso.

O amo busca na herança nordestina dos repentes e versos de improviso, a inspiração para cantar e contar em falsetes a poesia cabocla, a história do boi de Parintins.

É um personagem do auto do boi, oriundo também das brincadeiras nordestinas, migradas para Parintins junto com os fundadores. Também são versados em desafios e provocações para o boi contrário.

SINHAZINHA DA FAZENDA – Representa a filha do Amo do Boi, cujo brinquedo de estimação é o Boi.

Ela evolui com graça e alegria, exibindo sua indumentária que representa toda a pujança dos vestidos das sinhás dos tempos coloniais, reverenciando as influências da cultura do branco, importante na formação do povo de Parintins.

CUNHÃ PORANGA – É a mulher mais bela da tribo.

Tem na sua essência a garra, o mistério e o espírito guerreiro das lendárias Amazonas, expressando em sua dança os sentimentos de amor e paixão.

PORTA ESTANDARTE – Responsável por conduzir, o símbolo do boi em movimento, o estandarte azul e branco.

A paixão e o encanto pelo azul influenciam sua evolução na arena, sempre caracterizadas pela elegância, garra e simpatia na maneira de reverenciar o estandarte. Representação da sabedoria cabocla da Parintinense, da tradição popular e da cultura indígena da Amazônia.          

RAINHA DO FOLCLORE – Ela personifica a geografia de mistérios e beleza do folclore da Amazônia.

Reina absoluta nesse universo de sonhos, encantando a todos com seu bailado e pela exuberância de suas indumentárias. A rainha é a guardiã do folclore, traz a alegria e a magia de brincar de boi em sincronia com a diversidade cultural da vida existente na floresta.

Sua presença na arena significa que todos os entes da mata compactuam dessa mesma alegria e sentimento de respeito pela cultura e pela natureza.

PAJÉ – O pajé é um item importante na regionalização da festa.

Aqui nas representações do auto do boi, mãe Catirina, grávida, deseja comer a língua do boi preferido do patrão, forçando o seu marido, o Pai Francisco, a matar o boi e arrancar a língua para satisfazer os desejos da grávida.

Ao fim o boi é ressuscitado pelo curandeiro local, com poderes sobrenaturais, o poderoso Pajé. Que interpreta em sua apresentação o feiticeiro, o curandeiro, o mago das transmutações, fascinando pelos cantos, pelas rezas, danças e rituais.

Com o poder mágico das ervas, repete o gesto de invocar os espíritos sagrados pedindo proteção aos ancestrais para expulsar o ser maléfico.

Após anos de evolução da festa, o Pajé ganhou importância no enredo do espetáculo, migrando em definitivo para a parte tribal da festa, encenando os ritos e lendas indígenas. Sendo a aparição desse item um dos momentos mais aguardados de cada noite.

BOI BUMBÁ EVOLUÇÃO – Símbolo da manifestação popular, motivo e razão de ser do festival.

O artista plástico dá vida ao boi de pano. A experiência na arena do Bumbódromo e em eventos oficiais do boi pelo Brasil, muitas vezes é passada de pai para filho.

VAQUEIRADA – Guardiã do Boi. 

Os Vaqueiros cercam o boi evitando qualquer ameaça ou perigo ao touro mais querido do Amo. Trazem suas lanças para marcar a propriedade do dono da fazenda e para criar um momento fabuloso que cerca as personagens, numa evolução colorida e muito alegre em festejo à chegada do mais bonito boi da fazenda.

Os brincantes da Vaqueirada são rapazes voluntários das comunidades de Parintins que, ao toque do tambor, se reúnem para vestir seus cavalinhos e apanhar suas lanças com muito orgulho de ser parte da tradição dessa festa folclórica.

Além dos itens citados, também são avaliados: Melhor Toada; Melhor Galera (torcedores); Organização de Conjuntos Folclóricos; Coreografia; Rituais Indígenas; Tribos Indígenas; Tuxauas; Figura Típica Regional; Alegorias e Lendas Amazônicas.

Em cada ano, podem ser modificados os itens que serão julgados pelos jurados.

Os jurados não podem ser Amazonenses, Paraenses, Amapaense, Roraimense, Acreano, Rondoniense, Cearenses, Paraibanos ou que tenham amizade com membros das associações folclóricas.

Na época do Festival, os jurados são enclausurados em hotel e vigiados pela Comissão do Festival, sem contato ou visita de qualquer membro das associações.

Fonte:  Google e Youtube

Fotos Divulgação: Internet

You may also like

Leave a Comment

Fale pelo WhatsApp

Envie um E-mail

© 2022. Portal Olá! Salve Salve!