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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – JURUPARI

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

É um personagem mitológico dos povos indígenas da América do Sul.

O povo Mawé retrata JURUPARI não apenas como um demônio, mas o próprio Mal. Aquele que deu origem a outros demônios (como o Ahiag̃ ou o Mapinguari).

Há muitas lendas sobre o personagem e o mostram, tanto como LEGISLADOR, quanto como DEMÔNIO.

Conta-se que a índia Ceuci, de origem Tenuiana, comeu o MAPATI, fruta que proibida às mulheres, quando estavam no período fértil. O suco da fruta escorreu por seu corpo até suas partes íntimas e assim concebeu um menino.

Como punição, a índia foi expulsa da aldeia. O pai da criança era Guaraci, conhecido entre os indígenas como Sol e longe de sua aldeia, Ceuci deu a luz a Jurupari: “o filho do sol”.

Filho e embaixador do Sol, segundo a lenda, veio para reformar os costumes da terra e encontrar a mulher perfeita para casar. Senhor dos Segredos, Reformador, Legislador, Deus mais cultuado pelos índios brasileiros (não só os de língua tupi), até começar o domínio português.

Parece ser originário do povo Aruaque, que habitava parte do norte da América do Sul.

Jurupari revelou ser uma criatura sábia. Com apenas sete dias de vida, Jurupari aparentava ter 10 anos e sua sabedoria atraiu a atenção de todos, que passaram a ouvir suas palavras e os ensinamentos de novos costumes.

Um rapaz forte e bonito. Eleito Tuxaua (chefe), acabou com o poder das mulheres, que governavam a nação, colocando fim na sociedade matriarcal e instituindo o patriarcado.

Depois de vencer as mulheres, Jurupari criou doutrinas e rituais para os homens, inclusive, ritos de iniciação masculina, que exigem – entre outras coisas – jejum e provas de resistência à dor. Festas cerimoniais, onde somente os homens podiam tomar parte, onde ele aproveitava para passar seus ensinamentos.

Isso acabou afastando-o de sua mãe. Inconformada com essas novas leis e com saudades de seu filho, Ceuci resolveu em uma noite espiar o cerimonial dos homens, infração punida com a morte.

Furtivamente, ela entrou no território onde os homens estavam reunidos, mas antes do término do cerimonial Ceuci foi fulminada por um raio enviado por Tupã. Jurupari foi, imediatamente, chamado para ressuscitar Ceuci, mas nada fez, pois não podia abrir precedentes em suas leis.

Jurupari então disse: – “Morreste mãe, porque desobedeceste a Lei de Tupã, que vivo a ensinar. Não vou te ressuscitar, mas recomendo: Sobe, bela, radiante e pura para um mundo melhor. Cumpriste a verdadeira missão de mãe, cheia de amor, renúncia, desenganos e sofrimento. Meu pai vai te receber de braços abertos”.

O corpo da deusa, então, cheio de luminosidade, começou a subir. Ele atravessou o espaço e transformou-se na estrela mais resplandecente da constelação das Plêiades. Permanece lá até hoje, para lembrar aos selvagens o respeito às leis de Jurupari, o Filho do Sol.

Na etnia Dessana o “Ritual do Jurupari”, consiste em tocar um instrumento de sopro confeccionado com tronco de paxiúba (palmeira amazônica), que produz um som cheio e grave e é um ritual de agradecimento à natureza pela abundância de pesca.

Outra versão afirma que Jurupari era o demônio, que visitava os índios quando estes estavam dormindo, provocando pesadelos e impedindo que suas vítimas gritassem por socorro.

O vocábulo Jurupari vem do tupi antigo, mas o significado varia de acordo com o grupo linguístico dos indígenas. Desta maneira, Jurupari poderia ser “tirar da boca” ou “aquele que vem a nossa rede”.

Os intermediários entre o Jurupari e os índios são os pajés. Ele é evocado ao som de maracás e trombetas com danças.

Mas tem algo que pode representar sua figura: os maracás usados pelos pajés nas cerimônias relacionadas. O maracá, palavra que significa “cabeça falsa” é feito com uma cabaça do tamanho de uma cabeça humana, com orelhas, cabelos, olhos, nariz e um pequeno cabo para segurar.

Colocam dentro dele folhas secas e fumo queimando e assim “o maracá” solta fumaça pelos olhos, boca e nariz, enquanto os pajés, o chacoalham dançando, em transe, tendo visões, fazendo previsões e revelações. Por isso, esse instrumento sagrado que só os pajés podiam pegar era identificado como Jurupari.

Tupã era o nome que os Guaranis davam ao trovão. Para os Tupis, era Tupana, mas era só um trovão, nada mais.

Ele foi promovido a Deus único e verdadeiro. Tupã se tornou uma versão adaptada do Deus hebraico, assimilado pelos cristãos.

Em alguns casos, na mente da maioria das pessoas, Tupã é Deus e Jurupari é o diabo.

Em Águas Belas (PE), há um povo que, ao que tudo indica, cultua Jurupari. São os Fulniôs, de língua gê, que tem uma aldeia sagrada, em um lugar que só eles têm acesso e onde passam catorze semanas (a partir de agosto).

O ritual é chamado Ouricuri e as mulheres ficam separadas dos homens. Ninguém conta o que acontece lá.

Só pode ser coisa do Jurupari…

Fonte: Google

Foto: Internet

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