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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: RITUAL DAS MÁSCARAS SAGRADAS

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

Pesquisar este tema foi difícil. Quase não existem comentários sobre as máscaras sagradas utilizadas pelas tribos indígenas do Amazonas.

Os Tuchauas ou Pajés evitam fazer comentários para desvendar ou elucidar estes segredos.

Ao longo da história, homens de várias etnias usaram máscaras com diversas finalidades e de acordo com a sua religião e cultura. Eles acreditavam que as máscaras proporcionavam acesso a universos espirituais invisíveis e regidos pela imaginação.

A África tem milhares de tribos e etnias distintas carregadas de crenças, arte, cultura e simbolismo. Geralmente, as máscaras africanas representam faces distorcidasexageradas e transcendem o plano terreno (não representam rostos humanos), elas transmitem uma ligação com o divino, o sobrenatural. Estão ligadas a rituais e cerimônias religiosas, danças, festas, de guerra, de fertilidade da terra, de iniciação, de purificação, funerais e até mesmo de entretenimento.

Não é qualquer membro da comunidade que pode esculpir máscaras em uma sociedade africana. Eles acreditam que o artista não é um ser individual, mas sim uma forma da coletividade e fala através de suas mãos, cabendo a ele interpretar os valores coletivos e transmiti-los em sua obra.

Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva e são feitas em madeira, pois, para os africanos as árvores são as guardiãs de poderes mágicos.

Ao perder o contato com a cultura, perde-se a valorização do uso da máscara. Elas sempre fizeram parte da cultura africana e imaginamos que elas fossem vistas como objetos místicos.

Sua função era a de disfarçar a pessoa que usa, para que ela pudesse entrar em contato com os espíritos, absorver sua força e usar em benefício da comunidade. Assim, as máscaras podiam ser vistas em todos os tipos de ritual: da cura ao casamento, da iniciação aos funerais.

A pequena ilha de Bali, localizada ao centro sul do arquipélago indonésio é uma espécie de paraíso das máscaras, que estão fortemente ligadas à tradição local, já que Bali é conhecida por conter dezenas de entidades espirituais, tendo cada uma delas a sua máscara representativa (BarongGarudaRangda e outros).

Apesar dessa imensa gama de entidades, os balineses afirmam que sua religião é monoteísta e utilizam a argumentação inovadora e criativa de que seu Deus pode tomar tantas formas, quanto os raios do sol. Eles consideram que as máscaras feitas da mesma árvore possuem vínculo familiar, sendo que, as técnicas de produções dos artesãos da ilha se aprimoraram ao longo dos anos.

As máscaras do Tibet e do Nepal são os símbolos que melhor representam os povos que vivem na região do Himalaia. Oestilo poderoso e tradicional das Máscaras Himalaias é traçado a partir das diversas culturas presentes: Xamanismo, Budismo, Hinduísmo e mitos de aldeias locais.

Levando em consideração a natureza politeísta de ambas tradições, as divindades representadas pelas máscaras são diversas: Shiva, Bhairava, Ganesh, Mahakala,Garuda, Varahi e Thordev são os mais famosos.

Todas as máscaras da região possuem a marca do terceiro olho na testa. O estilo é caracterizado por coroas de crânios, brincos, detalhes em metais como prata, bronze e latão, entre outros elementos coloridos. São feitas em madeira, cobertas de barro e linho para tenham o envelhecimento retardado. Estes detalhes decorativos não só refletem os aspectos religiosos e simbólicos, mas também adicionam um imaginário poderoso e um olhar peculiar e fascinante.

Os povos do Egito Antigo, utilizavam máscaras cheias de pedras preciosas nas múmias antes do sepultamento.

As máscaras dos Esquimós no Alaska eram feitas com duas faces, uma de humano e outra de animal, pois atribuíam uma dupla existência para cada criatura.

Na antiga Grécia e Roma as máscaras eram usadas para os festivais e teatros. Foi onde surgiu o uso das máscaras para fins artísticos e entretenimento.

Os gregos antigos usavam máscaras em festas dionisíacas, regadas a dança, música, cantos, bebidas e orgias. Mesmo quando o ritual a Dionísio foi proibido, sendo considerado pagão no Império Romano, as festas em Veneza traziam máscaras (até que foram proibidas pela polícia). As danças mascaradas não foram empregadas apenas na Europa, mas tiveram caráter ritualístico em diversos povos.

Na Ásia, as máscaras eram usadas para cerimônias religiosas e para funções sociais tais como: casamentos, festividades e divertimentos.

Na América do Sul, sabemos que muitos povos indígenas usavam máscaras em suas cerimônias e simbolizavam animais, pássaros e insetos.

No Brasil, o povo Tikuna evoca os espíritos em rituais de cura, com tambores, cantos e máscaras. Outro exemplo de arte indígena brasileira são as máscaras produzidas pelos índios: feitas com cascas de árvore e cabaças de palha de buriti e usadas em danças cerimoniais e no momento dos rituais, representando a figura viva do ser sobrenatural.

No Brasil há uma grande diversidade de tribos indígenas que se destacam na arte da cerâmica, pinturas corporais e máscaras indígenas. As artes indígenas são produzidas pelos índios desde antes do período de colonização.

Eles usam toda a criatividade na confecção e todas as peças têm significados que vêm dos seus antepassados para criar o tipo de arte em conformidade com as tradições de suas tribos.

O povo nativo brasileiro portava máscaras simbolizando animais em suas cerimônias. Atualmente são muito utilizadas no carnaval. Festas como bumba-meu-boi e cazumbá também utilizam máscaras.

O conceito que temos de arte é totalmente estranho aos índios, porque eles não têm uma palavra que simbolize a arte. Ainda assim, os objetos feitos por eles, exercem um fascínio sobre as pessoas, por serem originais, exóticos e misteriosos e são peças repletas de simbologia social ou ritualística, de caráter sobrenatural e sagrado.

As máscaras indígenas têm um caráter duplo, porque são um tipo de artefato produzido por um homem comum, mas também são a figura viva do ser sobrenatural que eles representam. Normalmente feitas com cascas de árvores e cabaças de palha, as máscaras indígenas costumam ser usadas em danças cerimoniais, representando sempre algum personagem da mitologia indígena.

Com seu simbolismo, as máscaras indígenas aproximam as forças sobrenaturais do indivíduo e materializam os códigos inscritos nos rituais e mitos, facilitando assim a leitura que cada um dos índios fará deste respectivo código.

As máscaras indígenas das danças sagradas apresentam grandes variações. Tucanos e Aruaques confeccionam essas máscaras em tecido, do vegetal tepa e é uma máscara que cobre o corpo todo.

Elas costumam ser pintadas de preto, vermelho e amarelo. As tintas são feitas da fuligem do fundo das panelas, extrato de urucum, frutas do mato e argila.

Segundo a lenda das máscaras indígenas têm poderes mágicos, protegendo quem a usa, assim como, também podem ser assustadoras, auxiliando membros de alguma sociedade a impor as suas vontades.

As máscaras despertam fascínio em todos por serem objetos ritualísticos, primitivos e remontam a história da formação do homem artístico e criativo. Até hoje não revelamos o mistério por trás delas, apenas percebemos sua aura fascinante e riqueza de possibilidades imagéticas.

As máscaras possuem energia, atitude, um corpo, enfim, vida própria. Acredita-se que as máscaras serviam como catalisador para carregar o espírito metafórico dos animais.

Essa relação homem-natureza-animal é bem demonstrada em rituais xamânicos e partem sempre de uma dialética de revelação-ocultamento, que parece condizente com esse ser duplo da cultura esquimó.

A máscara não serve para ocultar apenas, serve para revelar algo que o corpo sozinho não pode fazer. Poderíamos falar a mesma coisa das nossas roupas, cortes de cabelo, maquiagem e tatuagens.

Todos esses acoplamentos servem para mostrar algo que o corpo não podia mostrar sem eles. Eles são máscaras, que ocultam algo que não queremos (de uma olheira a uma pele nua), e que revelam muitas das nossas intimidades.

Fonte: Google

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