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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: HIDRELÉTRICA DE BALBINA

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

A Usina Hidrelétrica (UHE) de Balbina está situada no rio Uatumã, na parte nordeste do Estado do Amazonas, sob a jurisdição do município de Presidente Figueiredo.

Inaugurada no final da década de 1980, Balbina é criticada por ter um alto custo e ter causado um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. Tendo cada uma das cinco unidades geradoras uma capacidade de até 55 MW de energia elétrica, totalizando 275 MW.

A usina é citada como um erro histórico por cientistas e gestores por sua baixa geração de energia em relação à área alagada, e pelas consequências disso.

A construção começou em 1º. de maio de 1981, com o desvio total das águas do rio Uatumã, ocorrendo em 5 de novembro de 1985. A última comporta foi fechada para o enchimento do reservatório dia 1º. de outubro de 1987 e a geração comercial começou em 1º. de fevereiro de 1989.

Em 12 de fevereiro de 1989 foram abertos os tapumes que barravam o rio, no distrito de Balbina, município de Presidente Figueiredo, distante cerca de 202 km de Manaus, no Estado do Amazonas, Amazônia Central, agravando o já existente problema da mortandade geral da vida no entorno da área, em função da construção da obra e tornando difícil a existência humana no entorno.

A proposta inicial era fornecer energia confiável e de baixo custo para a população da capital amazonense e às empresas que se instalaram na década de 1970 na cidade, dando capilaridade à Zona Franca de Manaus (ZFM) e facilitando a manufatura de produtos importados de países como EUA e Japão, dominantes do cenário comercial.

Após o funcionamento da última das cinco turbinas Kaplan da usina, em 1989, perto de 50% do consumo de Manaus chegava a ser atendido pela UHE. Mas a relação entre a demanda de Manaus e o fornecimento de Balbina não demorou a se desequilibrar por conta do crescimento da urbe, que recebeu quantidade grande de migrantes.

Também é apontada como problemática no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, considerados causadores do aquecimento global. A liberação de dióxido de carbono e metano é superior à de uma usina termoelétrica de mesmo potencial energético.

Em seu projeto de construção, foi sugerida a retirada da vegetação do local que seria alagado, já que era madeira de lei e, portanto, de maior valor econômico. No entanto, o projeto não foi aceito sob alegação de que seria necessária uma grande mão de obra para tal e isso atrasaria a inauguração e foi decidido alagar da forma como estava.

Em consequência, as árvores começaram a apodrecer sob a água, emitindo gases nocivos para a atmosfera. Dessa maneira, além do prejuízo econômico por não ter vendido a madeira, houve também um grave dano ambiental causado pela elevada acidez do lago e pelos gases emitidos.

De acordo com o relatório “Emissões de Dióxido de Carbono e de Metano pelos Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros“ do Ministério da Ciência e da Tecnologia de 2006, Balbina é uma das três usinas hidrelétricas brasileiras – Samuel (RO) e Três Marias (MG) – com emissões maiores que termelétricas de mesmo potencial. A barragem de Balbina foi construída de 1985 a 1989 e atualmente é administrada pela Eletrobras Amazonas GT.

A barragem foi criada para fornecer eletricidade renovável à cidade de Manaus, mas foi considerada um projeto controverso pelos moradores locais desde o início, devido à perda da floresta e ao deslocamento do território das casas das famílias tradicionais. Cerca de 2.928,5 quilômetros quadrados de terras anteriormente ocupadas pelos índios Waimiri-Atroari foram removidos e inundados.

A barragem também foi criticada por seus caros custos de construção e manutenção, além da quantidade de energia gerada em relação ao tamanho da enchente. A barragem é uma das menos eficientes do Brasil em termos de área inundada para cada megawatt gerado.

Os ecossistemas lacustres e insulares formados pela barragem são protegidos pela Reserva Biológica do Uatumã de 938.720 hectares, uma unidade de conservação estritamente protegida criada em 2002. O litoral oeste é protegido pela Área de Proteção Ambiental Caverna do Maroaga de 374.700 hectares, criada em 1990.

A jusante da barragem, o Rio Uatumã atravessa a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã de 424.430 hectares, criada em 2004. A barragem regula a vazão do rio através da reserva e reduz as enchentes sazonais.

Com a rápida expansão populacional na cidade a partir da vinda de pessoas do interior amazonense e dos Estados do Pará, Maranhão, Rondônia, Ceará, entre outros, a representatividade da usina de Balbina no fornecimento não se manteve como o planejado.

Atualmente, a UHE Balbina, com cerca de 112 MW de geração, supre perto de 10,5% dos quase 1.100 MW consumidos em média em Manaus. A demanda restante, 990 MW, chega por queima de combustíveis fósseis, gás natural ou diesel, via térmicas de Manaus e Iranduba.

O parque gerador de Manaus é composto pelas usinas térmicas de Aparecida (172,0 MW), Mauá (436,5 MW), Cidade Nova (15,4 MW), São José (36,4 MW), Flores (69,0 MW) e hidrelétrica de Balbina (250,0 MW). Para completar a geração há a usina flutuante Electron (120 MW). Isto dá uma potência instalada de 1.099,3 MW.

Para subsidiar a demanda, é comprada energia de produtores independentes: Breitener Tambaqui (60 MW), Breitener Jaraqui (60 MW), Manauara (60 MW), Rio Amazonas (65 MW) e Gera (60 MW), totalizando 305 MW e mais o parque de Iranduba (200 MW).

Balbina, hoje, é a pior UHE do Brasil, comparando-se potência instalada com área alagada de reservatório, entre 116 usinas hidrelétricas do território nacional.

É importante focar no aspecto do fornecimento porque pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Pará (UFPA) alertaram para o problema bem antes da construção da barragem, quando o projeto ainda estava em fase de levantamento executivo e podia ser parado. Mas não foi o suficiente para se evitar a catástrofe.

Além da questão geracional, foi afetado o modo de vida das comunidades, o cotidiano enquanto dimensão de convivência, pois em áreas ribeirinhas ele se dá mediante dinâmica relacionada a rios (pesca, banhos, lavagem de roupas e demais utensílios domésticos etc.). A dinâmica é inerente à existência de moradores, posto que as águas formam cenário para a vida cotidiana porque essa vida é determinada via motivações de caráter particular.

Na construção da usina de Balbina, as relações de poder no ambiente onde foi levantada a barragem foram vencidas pelo Estado, que em detrimento a moradores fez prevalecer seus interesses, achincalhando terras férteis que serviam como meio de sobrevivência a populações e vilipendiando rurais e índios que dependiam de roçados, animais, frutos e peixes para manter seu padrão histórico de vida.

Fonte: Google, Wikipédia.

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