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GUERRA E FUTEBOL – O DIÁLOGO DEVE PREVALECER!

by Gilmar Couto

Professor Ricardo Tadeu da Silva Onety

Olá leitores!

Que a vida é cíclica, parece unanimidade percebida pela sociedade humana.

Uma espécie de ida e volta, alternando ora em tempos de paz e luz, ora na estupidez das guerras e na escuridão. Em pleno século XXI, no mais alto desenvolvimento tecnológico da história, das ciências e com o extraordinário avanço promovido pela internet, assistimos mais um conflito bélico!

A guerra entre Ucrânia versus Rússia é sem dúvida o pior cenário armado ocorrido na Europa em décadas. Até o início destas linhas, esta batalha já dura 107 dias, afetando o mundo.

O número de mortos e feridos de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) é difícil de estimar. É impossível contar pela falta de acesso nas áreas de conflito.

No esporte e neste combate europeu, se faz necessário lembrar: “No esporte não há inimigo, nesta guerra não deveria!”

No futebol são adversários enquanto durar a partida, o jogo, ao final devem cumprimentar-se cordialmente. Nesta guerra específica as “nações envolvidas tem laços de sangue”, portanto não são inimigos naturais, pelo contrário.

Em ambos os cenários de guerra e futebol, a violência gratuita e banal parece não dar oportunidade ao fair play (jogo limpo), ao diálogo. Parece que ninguém está com disposição, ânimo e desejo de escuta, requisitos fundamentais para que o diálogo ocorra.

A intransigência e a cegueira turvam os olhos dos envolvidos, não permitindo que a sensatez humana prevaleça.

O fair play não está na regra do futebol, mas funciona como um princípio a ser seguido, em que se valoriza o espírito esportivo. Honra, lealdade, respeito pelos adversários e a si mesmo, são valores essenciais não só para o esporte, mas para a vida em sociedade.

No esporte, o conceito de fair play está ligado à ética.

A analogia entre Guerra e Futebol se faz necessário, pois, o que “acontece no futebol” é um pequeno recorte do que acontece na vida em sociedade, no mundo. Visão equivocada a meu ver!

Analisemos: Sobrepujar o adversário ou inimigo deve ser o objetivo? Derrotas históricas e humilhantes precisam ser vingadas? A falta de empatia entre os adversários colabora para acirrar os ânimos? A vitória a qualquer custo é válida?

O esporte futebol como fenômeno sociocultural, apesar dos problemas, demonstrou tentativas de reconstrução, a busca por uma “utopia de um mundo melhor, fraterno e menos violento”, entre os povos.

Trago nestas linhas, alguns belos exemplos que devem ser constantemente relembrados.

O primeiro exemplo de diálogo e trégua foi durante a 1ª. Guerra mundial, a véspera de Natal, soldados alemães e ingleses cantavam juntos músicas natalinas e resolveram largar suas armas para uma “Pelada no Campo de Batalha”. Naquele momento o futebol interrompeu a guerra e superou os conflitos. 

Pelé já parou uma guerra! Quando atuava pelo Santos que fazia excursão pela África, parou um conflito conhecido como “Guerra de Biafra – Guerra Civil Nigeriana”.

A equipe do Santos aceitou convite, só que para chegar ao estádio Beni City, na Nigéria, era preciso um “Cessar-Fogo”, uma “Armistício durante o jogo”, no qual o Santos ganhou por 2 x 1 frente a seleção do Centro-Oeste da Nigéria.

A seleção de brasileira de Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e outros, realizou partida contra um combinado Haitiano. Esse jogo em 2004, ficou conhecido como “Jogo da Paz”, o Brasil liderou missão no Haiti.

A equipe se dirigiu ao estádio de Porto Príncipe, sentados em Tanques de Guerra a serviço da Paz. A partida teve lances de solidariedade, ataques de alegria e defesa dos direitos humanos. Inesquecível!

E o craque Drogba! Ficou conhecido como o “Pacificador da Costa do Marfim”, em plena guerra civil, após classificar pela primeira vez a participação da Seleção em Copa do Mundo.

Drogba fez um discurso em que pedia perdão de todos os lados, gerando o primeiro cessar-fogo desde que o conflito havia começado. Meses depois foi assinado um tratado de paz.

Outros casos isolados de Fair Play no futebol. “O Alemão Klose, maior artilheiro de Copas do Mundo”, em duas atitudes demonstrou ter boa formação ética.

O primeiro quando jogava pelo Werder Bremen um pênalti inexistente e o segundo pela Lazio, em gol com a mão. Em ambos os jogos se dirigiu ao árbitro dizendo que os gols foram feitos de forma ilegal.

Outro jogador do Werder Bremen, Aaron Hunt entrou na área e caiu, o árbitro marcou pênalti. Hunt levantou e antes que a polêmica aumentasse disse que não foi.

Em entrevista falou: -“Eu estava procurando por um contato, eu queria um pênalti, foi por instinto. Eu pensei sobre isso e eu não quero vencer partidas dessa maneira”.

Em campeonato Inglês, entre Leeds x Aston Villa. Um jogador do Aston Villa caiu no meio de campo, a equipe do Leeds não parou e fez um gol.

Indignado com isso o técnico exigiu que após o centro, a equipe do Leeds ficasse parada permitindo o empate do Aston Villa. Leeds United e Marcelo Bielsa ganharam troféu Fair Play por essa atitude esportiva.

A belíssima atitude do Atlético Nacional da Columbia jamais deve ser esquecida. Propôs que a CONMEBOL desse o título da Copa Sul-Americana à equipe da Chapecoense, após a tragédia ocorrida com avião que conduzia a equipe. O atlético além do Troféu Fair Play, teve reconhecimento mundial pelo gesto de solidariedade e respeito ao adversário.  

O objetivo desta crônica dentre outros é refletir sobre o papel conciliador do esporte e a urgência na ação de dialogar parece que temos que reaprender a fazê-lo.

Finalizo me solidarizando ao povo Ucraniano.

“Devemos exercitar a capacidade de se colocar no lugar do outro, pois é a base de tudo, base da civilização, da sociedade, da ética”.

Nada justifica esta barbárie!

Precisamos de diálogo, bons exemplos e fair play sempre!

Foto: Internet

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28 comments

Marcelo 15/06/2022 - 21:43

A empatia é algo que toda pessoa deve exercitar diariamente para termos uma sociedade mais solidária.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:50

Boa noite Marcelo!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Raimundo Onety 15/06/2022 - 21:47

Recentemente o.jogador nino do fluminense na disputa de bolo sentiu a perna e era o ultimo homem. O adversário, não inimigo, poderia ter ido pro gol mais preferiu jogar a bola pra fora. Linda atitude. Isto acredito que engrandece o ser humano é o futebol também. Bela reportagem.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:49

Boa noite Raimundo!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Nabôr da Silveira Pio 15/06/2022 - 21:59

Excelente coluna, mostrando como podemos ser cada ver um ser humano melhor.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:48

Boa noite Doutor Nabor!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Augusto Bernardes 15/06/2022 - 22:18

Excelente a elaboração da matéria. Parabéns mais uma vez. Boas lembranças relacionadas à futebol e conflitos de guerra.
Grande abraço.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:48

Boa noite Augusto!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Claudecir Santos 15/06/2022 - 22:42

Como sempre o professor nos presenteia com textos brilhantes e que enriquece o nosso conhecimento no cenário esportivo mundial, nacional e também no cenário local. Parabéns professor!!!

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:47

Boa noite Claudecir!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Zeca Junior 16/06/2022 - 01:39

Brilhantes analogias e belos exemplos! Hoje mais do que nunca se faz necessário mantermos bons diálogos!

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:46

Boa noite Zeca!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Luipereira49@gmail.com 16/06/2022 - 05:20

Parabéns pela bela e sensacional narrativa. “Guerra no futebol ⚽️ o diálogo deve permanecer”

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:45

Boa noite Pereira!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Makarem 16/06/2022 - 07:11

Parabéns pela linda mensagem no seu texto!!! Na justiça esta barbaria…..

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:45

Boa noite Makarem!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Alberto Eugénio 16/06/2022 - 07:55

Parabéns ao autor pela excelente publicação. Fato histórico tendo o futebol como um meio de busca pela paz.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:44

Boa noite Alberto!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Afonso Bernardes 16/06/2022 - 09:19

Excelente crônica e indicativo para muita reflexão, não somente na linha do esporte, mas em todos seguimentos saciedade.

Um forte abraço. Ricardo Onety e obrigado pelas crônicas, aliás de excelente qualidade.

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:43

Boa noite Afonso!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Marcos 16/06/2022 - 16:29

Belíssima abordagem. Parabéns, professor Onety!

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:42

Boa noite Marcos!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Felipe Angeli 16/06/2022 - 20:21

Um belo texto que traz à tona a grandeza do futebol, capaz de parar guerras, quem sabe não poderia cessar essa insanidade que está ocorrendo.

Parabéns ao autor!

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Gilmar Couto 16/06/2022 - 20:34

Boa noite Felipe!
Obrigado pelo comentário, repassarei ao Professor Onety!
Forte e fraternal abraço!

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Aline Leal 17/06/2022 - 09:17

Linda crônica. E eis que após uma pandemia, depois de dois anos durante os quais tudo que esperávamos era sobreviver, nos deparamos com essa guerra insana… não aprendemos com a história, ainda não, infelizmente, mas que possamos seguir confiantes, inspirados pelo exemplo dos bons…dos éticos e dos que verdadeiramente respeitam o próximo.

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Gilmar Couto 31/07/2022 - 16:15

Muito obrigado pelo contato Aline!

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Evaldo Jorge 04/07/2022 - 13:27

Os esportes de um modo geral tem esse “poder” de fazer com que adversários respeitem o sucesso do outro em especial o futebol e outros esportes mais práticeado em determinadas regiões do mundo. No mais salve os esportes que pregama a paz entre os povos.

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Gilmar Couto 31/07/2022 - 16:15

Muito obrigado pelo contato Evaldo!

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