A sociedade contemporânea com suas transformações nas atividades políticas, econômicas e sociais, cada vez mais dinâmica, tende a exigir do homem que seja mais competitivo e produtivo.
Isto faz com que as algumas famílias iniciem, obsessivamente e precocemente, a busca de resultados elevados de seus filhos.
Como Professor de Educação Física, tenho percebido a ansiedade de muitos pais a introduzirem seus filhos nas mais variadas “atividades ou reforço”: é aula de tudo e para tudo: Dança para bebês ou dança materna; ginástica rítmica; inglês para bebês; kumon para criança; judô kids; natação para bebês; futsal; futebol, além das atividades escolares diária e visita ao psicólogo.
Parece treinamento de Atletas Olímpicos!
Vocês conhecem alguma criança assim?
É Claro que sabemos que o desenvolvimento da criança depende de múltiplos fatores, que a plasticidade da criança é incrível, são como “esponjas de alto teor de absorção”. Devem ser estimuladas e instigadas a desafios constantes. Vocês se surpreenderão com tanta capacidade de aprendizagem e desenvolvimento.
Elas são incríveis!
Mas calma! Muita calma nesta hora!
Vamos conversar sobre este tema relevante: “A iniciação esportiva precoce de crianças no esporte”.
É muito comum pais chegarem para os Professores de Educação Física em busca de respostas a perguntas como: -Meu filho luta desde os três anos e não quer mais saber das aulas; meu filho nada, faz aulas de xadrez, futsal e etc., desde pequeno e agora aos 12 detesta! O que eu faço? O que fiz de errado?
É claro que os pais não erraram ao introduzir seus filhos nas “aulas de reforço ou nos esportes” muito cedo. Eles não são Profissionais da Educação, da Educação Física e muito menos especialistas em treinamento esportivo.
Somos nós Professores de Educação Física os “responsáveis em alertá-los e propor a eles”, qual momento apropriado para iniciar a formação esportiva de seus filhos.
A família é responsável pela tomada de decisão final!
Uma coisa é unanimidade – “A introdução da criança na modalidade esportiva, na maioria das vezes é escolha dos pais e não da criança.
Ou o pai foi um ex-praticante ou queria ter experimentado esse ou aquele esporte”.
Não parece que há uma certa expectativa dos pais projetado nas crianças?
Por isso, muitas são submetidas cedo demais em esportes que talvez não gostem ou não tem aptidão. São induzidas precocemente a uma preparação especializada, a um gesto motor unilateral, repetitivo e às vezes chato.
Antes mesmo de elas manifestarem suas eventuais aptidões e escolhas.
Um aluno meu disse baixinho em meus ouvidos – Eu odeio futsal! (o pai o matriculou na escolinha).
Recorrendo a ciência: Jean Piaget diz: A inteligência humana se desenvolve por estágios e a fase chamada de operações formais inicia-se por “volta dos12 anos de idade”, onde a criança tem total capacidade para raciocinar e construir hipóteses.
David Gallahue, teórico do desenvolvimento motor contribui: “A idade cronológica não é determinante, mas, a partir dos 12 anos há uma melhoria significativa na execução de habilidades especificas e o esquema corporal da criança ou pré-adolescente está basicamente formado”. Enquanto esta fase não chega, deixem as crianças experimentarem os mais diversificados gestos motores de diferentes esportes, deixe-os saboreá-los.
Acredito que devemos ter mais cuidado e faço apelo para sermos mais “sensíveis à importância do movimento educativo na formação esportiva na infância”. Antes de querer transformar filhos em atletas, devemos antes desenvolver as capacidades básicas humanas: consciência social, inteligência emocional, aprender a descobrir e criar, a fazer e agir, a viver em grupo, a ser solidário, ser empático e a respeitar regras dentre outros.
Sugerimos pequenas mudanças: os pais e familiares devem claramente mostrar que o valor da criança não está relacionado com o resultado do jogo ou da competição. Assim o prazer pela prática de esportes se tornará leve.
Alivie a pressão sobre as crianças e limite as atividades fora da escola, para sobrar tempo para que elas possam “viver” como crianças.
Por fim, se as aprendizagens significativas forem assimiladas, as crianças as levarão consigo por toda a vida. Tornando-as mais ajustadas e felizes.
Não esqueça de brincar com seus filhos, antes que eles cresçam!