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Arthur reforça pedido de ajuda a países ricos: “Sou lutador”

by Redação

Um prefeito de uma cidade no meio da Floresta Amazônica e que está lutando para salvar vidas. Assim a rádio pública dos Estados Unidos, National Public Radio – NPR, descreveu o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que em entrevista emocionada à emissora reforçou o pedido de ajuda aos países ricos para ações de combate ao novo coronavírus.
“Nunca vou desistir, sou um lutador”, disse o prefeito, ao se referir às dificuldades enfrentadas pela capital do Amazonas no enfrentamento ao avanço dos casos de Covid-19, sobretudo, à falta de leitos e ao aumento no número de sepultamentos.
“Eu não quero decepcionar meu povo. Isso não vai acontecer”, disse Arthur Virgílio, que nasceu em Manaus e que em seus mais de 40 anos de vida pública ficou marcado por ser a voz em defesa da Amazônia. “Eu amo meu povo, amo meu país e meu Estado, mas eu amo Manaus acima de tudo”, disse sem conter as lágrimas.
Na última semana, o prefeito de Manaus enviou, em vídeo e por carta, um apelo aos integrantes do G7 e outros 14 países, para que ajudem com medicamentos, médicos, EPIs e aparelhos, para abrir mais leitos de UTIs na capital amazonense, onde se concentra mais da metade de população do Estado.
A campanha SOS Manaus também chegou à ativista ambiental Greta Thunberg, que já colocou a equipe do movimento criado por ela, o Fridays For Future, em contato com a Prefeitura de Manaus, inclusive já criando um braço da organização com o Fridays For Future Amazônia. Representantes de Portugal e dos Países Baixos também já demonstraram interesse em ajudar, assim como o Líbano que, apesar de não estar entre os países que receberam a solicitação, está disposto a prestar auxílio. Um grupo de trabalho municipal foi criado para cuidar das tratativas e subsidiar os representantes internacionais com as necessidades da cidade.

Lockdown

Diante do drama vivido por Manaus, entre as cidades brasileiras mais afetadas pela pandemia, as declarações do prefeito Arthur Virgílio Neto têm ganhado repercussão mundial. Em entrevista à BBC News Brasil, o prefeito disse que o pedido de lockdownfeito pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) é uma medida extrema e que pode agravar o caos e a rebeldia popular. “Por conta das subnotificações, não temos a noção exata do tamanho do inimigo e meu posicionamento sobre o lockdowné que deve haver uma ampla regulação, uma vez que a população não aderiu ao isolamento”, destacou.
Questionado sobre se não havia contradição entre a situação que vive Manaus e o fato dele qualificar o lockdown como uma medida arriscada, Arthur defendeu que tem analisado profundamente a questão e que não consegue ter a segurança suficiente de que é o melhor caminho a seguir e, por isso, entende que o assunto exige um debate maior.
“Penso, por exemplo, que isso poderia nos levar a uma grande rebeldia popular. Estamos em um ano eleitoral – este ano os mais de 5,5 mil municípios brasileiros escolhem seus prefeitos e vereadores – e a situação se torna alvo fácil para os mal-intencionados, os oportunistas. Em um cenário desses, alguém joga uma pedra em outro alguém, começa um tiroteio com bala de borracha, e isso levaria a uma reação das pessoas que já estão em situação de desespero. É nesse tipo de cenário que penso”, alertou.
“Eu não posso declarar um lockdown sem ter absoluta segurança de que preciso dele tanto quanto as pessoas precisam de ar para respirar”, reforçou o prefeito de Manaus.

Repercussão

Além de grande parte da imprensa brasileira, o posicionamento do prefeito de Manaus tem repercutido na mídia internacional, como no jornal espanhol El País, no portal de notícias CNN, na agência de notícias Reuters e no portal do jornal belga De TIJD, além dos principais portais de notícias brasileiros.
Foto: Márcio James / Semcom

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