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CONSTRUÇÃO E DESCONTRUÇÃO DE ÍDOLOS

by Gilmar Couto

Escrito pelo Professor Ricardo Tadeu Onety
Olá!
A sociedade desde os primórdios sempre assistiu o nascimento natural de líderes.

Aquele que se tornou bípede, ficou ereto, saiu da caverna fria, dominou o fogo e começou a observar o horizonte sobre nova perspectiva, talvez este homem tenha sido o primeiro líder ou Ídolo, em seu clã.

Se soubesse usar as ferramentas de Marketing, este ancestral do homem, teria patenteado este “isqueiro natural” e alguém da sua linhagem estaria ganhando royalties até hoje.

Também ao longo desta construção social, percebemos diferenças no surgimento destes líderes. Não entrarei na concepção humana biológica, mas lembrarei a todos que os “hormônios sempre estiveram presentes desde os homens das cavernas”, ditando normas e estruturas hierárquicas e sociais.

Os hormônios controlam nossas emoções (os principais: Endorfina, Dopamina, Serotonina, Oxitocina), ingredientes naturais para sobreviver.

Será que também é pré-requisito para constituir um ídolo?

Ao longo da história da humanidade vimos que esse processo de galgar o posto mais alto na aldeia, na vila, na comunidade, na cidade, no estado, no país e no mundo, foi conquistado através de muitas lutas e guerras.

Tiveram que brigar, trair, matar e outras atrocidades, características de pessoas narcisistas e autoritárias, geralmente apoiado em exércitos poderosos.

Outros tempos? Ou ainda existes líderes assim?

A categoria de “mitos e ídolos de algumas tribos”, está elevado a segunda potência. Um exagero!

Vamos dar um salto para o século XX e XXI, será que estes ídolos surgiram naturalmente, ou foram produzidos?

O talento ainda é ou não o ingrediente principal para o surgimento de novos ídolos?

Com um lançamento de longa distância de “nosso canhotinha Gérson” e com um perfeito domínio de nosso “Rei Pelé”, proponho que façamos um paralelo sobre a construção de Ídolos.

Em minhas pesquisas, descobri que Pelé foi o primeiro jogador na transição do esporte amador para o esporte profissional. O primeiro a ter uma carreira planejada, pensada e inovadora, mesmo tardia após 3 copas do mundo.

O atleta do século fez um acordo com o poderoso João Havelange! Apoiou sua candidatura à presidência da FIFA e em troca: empréstimo de dinheiro e “agente” do jogador em sua carreira internacional.

Tornou-se garoto-propaganda de multinacionais como Pepsi e Adidas. Talvez os primeiros passos voltados a um plano de carreira longínquo de jogador de futebol no Brasil.

E hoje? Quem são nossos Ídolos?

O propósito desta crônica é ampliar esta discussão sem juízo de valor, mas ao final, que possamos fazer uma reflexão individual da sociedade contemporânea. O que vemos, imitamos e consumimos nas mais diversas manifestações culturais brasileiras.

Como apaixonado por futebol, música e qualquer movimento cultural de qualidade, constatei: Ao aparecer uma jovem promessa, um novo talento, as mídias alimentam e parecem retroalimentar a si própria e com “enorme esforço em conjunto”, tratam de transformá-los em ídolos.

A quem interessa essa transformação?

Em pesquisa para traçar estas linhas, encontrei estudo que colabora neste sentido que nos é imposto pelas mais diversas mídias, sejam impressas, televisivas ou digitais. “- Elas publicam diariamente reportagens que tratam não apenas de seu desempenho, mas que falam também sobre a sua vida privada, as/os seus/suas namorados/as, seu corte de cabelo, a marca de seu carro, suas roupas, seu lazer. Sua principal característica é a velocidade, a rapidez e a eficiência com que os sujeitos se tornam conhecidos em um curto espaço de tempo e em vários locais”.

Acredito que estão querendo nos convencer e às vezes impondo que suas vidas privadas nos interessa!

Amigos, essa “fabricação de ídolos”, demonstra que o talento raro e às vezes específico, fica em segundo plano.

Vocês não acham?

As mudanças na sociedade ocorrida no século XX foram enormes, o que ratifica os estudos do sociólogo Zygmunt Bauman definindo-a de: Sociedade líquida ou Modernidade liquida – “Uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, maleáveis e fugazes, como os líquidos. Contrapondo quando as relações eram solidamente estabelecidas, tendendo a serem mais fortes”.

Percebo que alguns ídolos surgem com velocidade Match 3 e desaparecem com a mesma velocidade.

Saudosista que sou, trago meus Ídolos, de minha geração Z e outros atuais:

Na música: Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Fagner, Milton Nascimento, Marina, Chico da Silva e outros.

Nos esportes meus eternos Ídolos: Pelé, Cruijff, Rivelino, Zico, Leandro, Falcão, Maradona, Romário, Rivaldo, o magistral Ronaldinho, Zidane, Petchovic, Arascaeta são alguns do futebol. Outros maravilhosos Ídolos como Airton Senna, Oscar Schmidt, Michael Jordan, Magic Johnson, Magic Paula e Hortência, Kobe Bryant, Stephen Curry, são mágicos, inesquecíveis.

Eles continuarão a ser inspiração por muitas gerações.

As representações de ídolos das mais diversas manifestações provocam em boa parte da sociedade amor e ódio.

Muitos são cultuados, elogiados, criticados e negados, eles ganham e perdem a fama em velocidade surpreendente, hora estão em todos os canais midiáticos, hora caem no ostracismo rapidamente.

Na minha concepção os ídolos que são forjados ou que sua carreira não seja calçada em base sólida desaparecem. Os Ídolos cuja carreira é baseada no talento raro e cuidadoso, tende a se solidificar e alcançar décadas como sinônimo da qualidade.

Concluo parafraseando Bertold Brecht – “Infeliz a nação que precisa de ídolos (heróis)”.

– Mas cuidemos bem de nossos protagonistas da boa manifestação cultural.

Que ela seja baseada no talento!

É ele que deve ser o nutriente que constitui um Ídolo.

Quais os seus?

#nãoésófutebol

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