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DURA E REPREENSÃO EM PARINTINS: MAS FOI DO MANÉ GARRINCHA

by Gilmar Couto

Antônio Carlos Meninéa – Formado em Direito pela Universidade Mackenzie/SP. Radialista Esportivo. Cobriu campeonatos Paulista e Brasileiro. Autor de 2 livros sobre futebol. Integrante do primeiro Conselho Consultivo do Museu do CRF. Membro do MEMOFUT / SP. Colaborador do Portal Museu da Pelada.

Em 1973, mesmo aposentado, meio fora de forma, mas defendendo um troco, “O anjo das pernas tortas”, aceitou convite para jogar na cidade de Parintins no Amazonas.

O Jogo foi entre os maiores rivais da cidade: Amazonas e Sul América. Um tempo em cada time.

A atmosfera na cidade era festiva, euforia total. E não podia ser diferente, pois, veriam Garrincha em carne e osso, bem diferente de vê-lo nos cinemas, jornais ou revistas.

Uma multidão se acotovelava no cais do porto para receber o bicampeão mundial, monstro sagrado do Botafogo, a Estrela Solitária.

Ao chegar foi literalmente carregado no colo até o hotel. Um frenesi, catarse total, nunca vista na cidade de Parintins.

Na tarde de sábado, 2 de junho de 1973, uma lenda, um Deus, adentra o estádio Tupy Catanhede, gente saindo pelo ladrão, lembrando um pouco o saudoso Vivaldão em dia de Rio-Nal. Dessa festa histórica e mítica, dois fatos pitorescos ocorreram durante a partida e se eternizaram para sempre.

O primeiro foi nos 45 iniciais, quando Mané atuou pelo Amazonas. Francisco Batista, mais conhecido como “Fabi”, com apenas 16 anos de idade no dia desse jogo, atuava pelo Amazonas, time que Garrincha jogou na primeira etapa.

Fabi relatou que levou uma dura. Um esporro do Garrincha, devido ao fato dele tocar toda bola que recebia para o Mané.

(Garrincha) – Vem cá garoto! Tá querendo me queimar, é? Porque parece que você só está me vendo em campo, só toca a bola pra mim!

(Fabi) – Não quero te queimar. Estou fazendo isso, porque essa multidão que está na arquibancada veio ver o senhor fazer seus dribles – respondeu Fabi, um tanto quanto nervoso, pois, estava pertinho de um ídolo mundial.

Após a bronca o jovem ficou feliz da vida, pois apesar da dura que levou, pôde ficar frente a frente com um dos maiores craques do futebol mundial, coisa que jamais sonhou que aconteceria em sua vida.

Fabi nos dias atuais (acervo José Brilhante)

O outro ocorrido se deu no segundo tempo e Mané já estava pelo Sul América. Nilo Gama, craque do time, participou de algumas jogadas com Mané.

Quando o anjo das pernas tortas tocava de calcanhar, Nilo Gama, rapidamente jogava por cima de seu marcador indo concluir a jogada lá na frente. Foi quando Garrincha, se aproximou e perguntou:

(Garrincha) – Baixinho, onde você aprendeu essa jogada?

 (Nilo) – Meu treinador foi no Rio de janeiro e viu a tua jogada com Djalma Santos e me ensinou.

(Garrincha) – Olha, teve só um lateral que fazia essa jogada que é o Djalma.

Nilo Gama nos dias atuais (acervo José Brilhante)

A conversa encerrou e Nilo Gama, nunca soube se aquilo foi uma espécie de elogio ou repreensão. Mas também se sentiu honrado por esse episódio.

Enquanto permaneceu na cidade de Parintins, Garrincha, foi homenageado e frequentou muitas festinhas se refrescando a beira do Rio.

Foto: Acervo José Brilhante

Edição: Yêda Couto

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2 comments

DANIEL SALES 12/06/2022 - 15:38

Congratulations. Uma honra à velha Tupinambarana.

Reply
Gilmar Couto 16/06/2022 - 19:50

Boa noite Daniel!
Obrigado pelo comentário!
Forte e fraternal abraço!

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