Início » HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – BOTO TUCUXI E BOTO VERMELHO

HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS – BOTO TUCUXI E BOTO VERMELHO

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

O boto é um mamífero carnívoro da classe dos cetáceos, espécie característica da região amazônica e possui grande semelhança com os golfinhos.

Os botos são animais presentes em boa parte das histórias de pescadores da Amazônia.

Antes de se entregar às histórias, ambientadas nos rios e florestas é bom saber que: histórias de pescadores estão incorporadas a vida do Amazonas. Essas lendas ajudam a compreender um pouco melhor a cultura de sua gente, que depende dos rios para praticamente tudo.

O boto Tucuxi é conhecido entre os pescadores por ser um animal amigo das crianças. Nas pescarias, o Tucuxi seria o companheiro ideal.

Conta a lenda, que o boto é um bicho que funciona como um guia para identificar os cardumes e age como um salvador em situações complicadas, como em tempestades. Quando o boto percebe que irá chover muito forte sobre um rio, ele desvia o percurso do pescador em direção de águas mais tranquilas.

Nas histórias, o boto passa por um processo de encantamento em noites de lua cheia, transformando-se em um homem jovem, atraente e bem vestido, que vai à festas a procura de uma bela cabocla. Ao encontrá-la, o homem a seduz e os dois dançam, paqueram e depois vivem uma intensa noite de amor até acabar o encantamento, quando o boto é obrigado a voltar para o rio.

Em Maués é famosa a lenda do pescador Anselmo (há versões com outros nomes), que teria peregrinado durante as décadas de 30 e 40. Mantinha, contam os nativos, um comportamento considerado diferente pelos habitantes.

Anselmo não costumava levar os utensílios necessários para garantir uma boa pescaria quando saía pelos rios amazonenses. Mesmo assim, conta a lenda, era o pescador que conseguia a melhor performance, sempre fisgando a maior quantidade possível de peixes e superando, de longe, seus concorrentes.

Antigos pescadores de Maués, hoje com mais de 80 anos, que também contam que Anselmo aparecia as margens de rios mais distantes do município sem ter saído de barco. Ninguém entendia ao certo, como ele chegava a esses lugares longínquos.

A lenda ainda diz, que Anselmo teria se encantando com as riquezas dos rios e resolveu seguir um boto, à noite no meio da floresta. Nunca mais viram Anselmo em Maués.

Segundo alguns moradores, ele às vezes aparece incorporado ao vento ou ao banzeiro na ponta da praia do rio Maués-Açu. Suas aparições ganham diferentes contornos. Dizem os pescadores, que Anselmo promete voltar a viver como ser humano, caso os moradores de Maués cumpram um ritual religioso com oferenda aos rios do Amazonas.

Outra história narra que o boto vermelho, conhecido no resto do Brasil como boto cor de rosa, frequentava os forrós de moradores e as festas de índios da região. Transformado em homem, vestido de branco, usava um chapéu como disfarce.

Dessa forma, seria possível, alimenta a lenda, passar imune ao arpão dos pescadores. Então, o boto caía na festança.

Dançava com as moças e seguia em direção às matas ciliares, próximas aos rios, esconderijo perfeito para uma noite de amor. Segue a lenda dizendo, que as mulheres apareciam grávidas depois desses encontros ardentes. O pai da criança, como não podia deixar de ser, era o boto e seus filhos nasciam com os pés voltados para trás.

Estudiosos do folclore amazonense afirmam, que as mulheres contavam essa “lengalenga”, para justificar o fato de serem mães solteiras.

Mas o boto no Amazonas também despeja sua sedução por outros cantos. Dizem os estudiosos, que alguns pescadores acreditam que o boto é um animal que dá sorte.

Quando apanham um boto em suas redes, alguns pescadores arrancam os olhos do animal e os carregam nos bolsos como um amuleto. Os olhos significam, na história difundida entre os pescadores: sorte nos rios e no amor.

Dizem que, durante as festas juninas, o boto vermelho aparece transformado em um rapaz, elegantemente, vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina que não desaparece do topo de sua cabeça com a transformação.

Esse rapaz seduz as moças desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos, as engravidando. Por essa razão, quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire, para garantir que não seja um boto.

Daí deriva o costume de dizer, quando uma mulher tem um filho de um pai desconhecido: que é “filho do boto”.

Essa lenda foi contada no cinema, através do filme: “Ele, o Boto”(1987), com Carlos Alberto Riccelli no papel principal.

A Festa do Sairé, realizada na Vila de Alter do Chão, distante cerca de 40 km de Santarém, oeste do Pará, passou por diversas inovações ao longo dos anos. Transformações que foram somadas ao evento religioso.

Entre elas, em 1997, ocorreu a introdução da disputa entre os botos Tucuxi (Preto) e Vermelho (Cor de Rosa), que inclui a lenda do boto, uma das mais belas e tradicionais da Amazônia.

O boto também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre naufrágio com uma embarcação, se o boto estiver por perto ele salva a vida das mulheres, empurrando-as para a margem do rio.

Em suma, as mulheres são conquistadas pelo boto na beira dos rios, quando vão tomar banho ou durante as festas realizadas nas cidades próximas aos rios.

O boto vai aos bailes e dança com a provável vítima, lançando galanteios de sedução.

 A mulher, sem desconfiar da armadilha, se apaixona e engravida do “rapaz”.

Porém, o homem metamorfoseado precisa ir antes que o sol se ponha, caso contrário, ele se transforma em boto no ambiente em que estiver.

Assim sendo, o tempo é crucial, visto que há um período que estipula o quanto irá durar a transformação e, passado esse tempo é inevitável que o boto volte a ser o que era.

O tempo é medido pelo pôr do sol, elemento que limita a mudança, a transformação, a metamorfose.

No Amazonas, o Município de Novo Airão é um dos mais conhecidos por Amazonenses e Turistas, quanto a possibilidade de visualizar, interagir e brincar com diversos botos na beira do Rio Negro.

Fonte de pesquisa: Google e YouTube

Foto: O Boto – Lendas Amazônicas: Fernando Sette Câmara.

You may also like

Leave a Comment

Fale pelo WhatsApp

Envie um E-mail

© 2022. Portal Olá! Salve Salve!