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HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: PIRARUCU – O PEIXE INIGUALÁVEL

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

O PIRARUCU (nome científicoArapaima gigas), é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do Brasil, que pode atingir até três metros e vinte centímetros e seu peso pode ir a 330 kg.

É encontrado geralmente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Costuma viver em lagos e rios de águas claras, ligeiramente alcalinas, com temperatura que varia de 24 a 37 °C, não encontrado em zona de fortes correntezas e águas ricas em sedimentos.

Seu nome se originou de dois termos tupis: pirá: peixe e urucum: vermelho, devido a cor de sua cauda.

Esta espécie de peixe possui características biológicas e ecológicas bem distintas. De grande porte, cabeça achatada e ossificada, corpo alongado e escamoso.

Possui dois aparelhos respiratórios: as brânquias, para a respiração aquática e a bexiga natatória modificada e especializada para funcionar como pulmão, no exercício da respiração aérea, obrigatória, principalmente durante a seca, ocasião em que os peixes formam casais, procuram ambientes calmos e preparam seus ninhos para a reprodução durante a enchente.

É papel do macho proteger a prole por cerca de seis meses. Os filhotes apresentam hábito gregário e durante as primeiras semanas de vida, nadam sempre em torno da cabeça do pai, que os mantém próximos à superficie, facilitando-lhes o exercício da respiração aérea.

Apesar de ser uma espécie resistente, suas características ecológicas e biológicas o tornam bastante vulnerável a ação de pescadores. Os cuidados com os ninhos, após a desova expõe os reprodutores à fácil captura com redes de pesca ou arpão.

Durante o longo período de cuidados paternais, a necessidade fisiológica de emergir para respirar ocorre em intervalos menores, ocasião em que os peixes são pescados. O abate dos machos nestas circunstâncias e também a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes, conhecidos como “bodecos” onde seu peso varia entre 30 e 40 quilos, propicia a captura destes por predadores naturais como as piranhas, fazendo assim com que o sucesso reprodutivo da espécie seja diminuído.

As escamas são compostas por camadas internas de correias flexíveis imprensadas entre as camadas externas de “plástico” rígido. Em peixes, as escalas são limitadas pelo colágeno no nível atômico e desenvolvem juntos, tecendo uma única peça sólida.

Ao contrário de qualquer outra espécie, as camadas de colágeno nas escamas do Pirarucu são tão grossas quanto um grão de arroz e foram adaptadas para impedir a penetração de mordidas de piranha.

O Pirarucu não apresenta dimorfismo sexual externo, salvo quando em época de reprodução, que apresenta diferenças nas colorações de suas escamas.

Na culinária regional, o pirarucu é servido como componente principal em diversos pratos típicos do Amazonas e do Pará. Um desses pratos é o “Pirarucu a casaca”, bastante servido em festejos juninos.

Sua carne é bastante apreciada e bastante requisitada. Além disso, a escama, era utilizada no passado como lixas para unhas e outras utilidades.

Na mitologia indígena, Tupã, o deus dos deuses, observou o Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento decidiu puni-lo. Tupã chamou Polo e ordenou que espalhasse seu mais poderoso relâmpago na área inteira e também Iururaruaçu, a deusa das torrentes e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre o Pirarucu. O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta.

Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, as ignorou com uma risada e palavras de desprezo.

Então Tupã enviou Chandoré, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. O Pirarucu tentou escapar por entre os galhos das árvores e um relâmpago fulminante enviado por Chandoré, acertou o coração do guerreiro, que mesmo assim, se recusou a pedir perdão.

Todos que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.

O Pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do planeta. Nativo da Amazônia, ele promove benefícios para o ecossistema e comunidades que vivem da pesca. Animal onívoro, pois se alimenta de seres animais e vegetais: frutas, vermes, insetos, moluscos, crustáceos, peixes, anfíbios, répteis e aves aquáticas.


Durante a seca, os peixes formam casais. Nesse período, o pirarucu macho aumenta a intensidade da coloração avermelhada nos flancos. Antes da fêmea depositar os ovos no leito do rio, o macho faz a limpeza da área e arranca com as mandíbulas raízes e galhos presentes no local escolhido, em seguida cava uma poça circular, onde a fêmea inicia a desova, para que seu companheiro possa fecundar os ovos.

Durante a incubação, a fêmea permanece mais próxima do ninho, enquanto o macho nada nas redondezas para intimidar predadores que possam trazer perigo aos ovos. Os ovos eclodem após oito a 10 dias.
O Pirarucu chega ao mercado em mantas, depois de passar pelo processo de salga ao sol. É conhecido também como o “Bacalhau da Amazônia” devido ao sabor e qualidade da carne, quase sem espinhos.

Risco de extinção – Com o aumento da pesca comercial nas últimas decadas, os estoques pesqueiros vêm sofrendo uma pressão cada vez mais intensa e gera impacto na população de Pirarucus e a reprodução natural do peixe é insuficiente para repor o número de pirarucus pescados.

A exploração não sustentável fez com que o Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – criasse em 2004, uma Instrução Normativa que regulamentou a pesca do Pirarucu na Amazônia, proibindo-a em alguns meses do ano e estabelecendo tamanhos mínimos para pesca e comercialização da espécie.

Um dos esforços para evitar que a espécie desaparecesse foi a implantação de projetos para o manejo do pirarucu. Um exemplo de iniciativa para assegurar a sustentabilidade da atividade pesqueira é um projeto coordenado pelo Governo do Acre e WWF-Brasil, com apoio do Ibama e da colônia de pescadores local, no município acreano de Manoel Urbano, onde a espécie estava ameaçada pela pesca excessiva.

O projeto consiste em treinar e capacitar pescadores para manejar o Pirarucu de forma ambientalmente adequada, assegurando a sobrevivência da espécie e a viabilidade econômica da atividade pesqueira.

Os principais resultados diretos são o aumento da produtividade dos lagos, o crescimento da produção nos lagos manejados, o repovoamento com casais da espécie em lagos onde o peixe havia desaparecido e o consequente aumento da renda dos pescadores.

O Pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do Brasil e um dos maiores do mundo. Seus olhos são amarelados e a pupila é azulada e salientes. Sua coloração é marrom-esverdeada, escura no dorso a avermelhada nos flancos, sendo a intensidade variável de acordo com o tamanho do individuo e com o tipo de água em que vive.

É uma espécie que tem respiração acessória, utilizando-se do oxigênio dissolvido na água, mas principalmente do ar e, por isso, tem que subir frequentemente à superfície d’água.

Pode viver mais de 18 anos. Devido a sua excelente carne é considerado “o Bacalhau Brasileiro”.

Fonte e Fotos: Google, Wikipédia.

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