Início » HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: RIO NEGRO NO ESTADO DO AMAZONAS

HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: RIO NEGRO NO ESTADO DO AMAZONAS

by Gilmar Couto

Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado. Mestre Instalado e Grau 32 dos Corpos Filosóficos da Grande Loja Maçônica do Amazonas.

Povos nativos e colonização – O rio Negro era chamado pelos indígenas de rio Quiary, Guriguacurú ou Ueneyá.

Descoberto em 1541, pelo espanhol Francisco de Orellana, o rio Negro foi utilizado pelos espanhóis como acesso de suas colônias ao oceano Atlântico.

A partir do fim do século 16, expedições da Holanda e da Inglaterra chegaram ao Norte do Brasil e colonizaram territórios ribeirinhos.

Ciente das atividades dos dois países na região, a Coroa Portuguesa enviou tropas à Amazônia e expulsou os outros colonizadores, em meados do século seguinte. Após tomar posse das terras, os lusitanos realizaram campanhas para o reconhecimento da área.

Durante as viagens, os navegantes enfrentaram a resistência de tribos indígenas, que defendiam o território com afinco. No século 18, com a presença dos jesuítas, que catequizaram os índios e ampliaram a agricultura no local, a dominação da região por Portugal foi facilitada.

Em 1755, o controle foi consolidado com a criação da Capitania de São José do Rio Negro.

O rio Negro é navegável por 720 quilômetros acima de sua foz e pode chegar a ter um mínimo de 1 metro de profundidade em tempo de seca, com muitos bancos de areia e outras dificuldades menores.  Na estação das chuvas, transborda, inundando as regiões ribeirinhas em distâncias que vão de 32 km até 640 km.

O rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas, na América do Sul.

É o sétimo maior rio do mundo em volume de água e tem sua origem entre as bacias do rio Orinoco e Amazônica. Nasce na Colômbia e entra no Brasil pela localidade de Cucuí, um distrito de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

Conecta-se com o Orinoco através do canal do Cassiquiare, na Colômbia, onde tem a sua nascente e é chamado de rio Guainia. Seus principais afluentes são o rio Branco e o rio Vaupés e drena a região leste dos Andes na Colômbia.

No Brasil, os principais afluentes pela margem esquerda são: Rio Padauri, Rio Demeni, Rio Jaçari, Rio Branco, Rio Jauaperi e Rio Camamanau. Pela margem direita: Rio Içanã, Rio Uaupés, Rio Curicuriati, Rio Caurés, Rio Unini e Rio Jaú.

Todo ano, com o degelo nos Andes e a estação das chuvas na região Amazônica, o nível do rio sobe vários metros, alcançando sua máxima entre os meses de junho e julho. O pico coincide com o “verão amazônico”. O nível do rio baixa até meados de novembro, quando novamente inicia o ciclo da cheia.

Em Manaus, a máxima do rio Negro vem sendo registrado há mais de cem anos e há um quadro no Porto de Manaus, com todos os registros históricos, inclusive, com os dados das maiores cheias.

Todos os rios da bacia Amazônica sofrem o mesmo fenômeno de subidas e baixas em seus níveis, comandados pelos dois maiores rios.

Encontro das Águas é um fenômeno que acontece na confluência entre o rio Negro de água preta e o rio Solimões de água barrenta, onde as águas dos dois rios correm lado a lado sem se misturar por uma extensão de mais de 6 km. É uma das principais atrações turísticas da cidade de Manaus.

Esse fenômeno acontece em decorrência da diferença entre a temperatura e densidade das águas e a velocidade de suas correntezas: o rio Negro corre cerca de 2 km/h a temperatura de 28°C, enquanto que o Rio Solimões corre de 4 a 6 km/h a temperatura de 22°C.

Após passar por Manaus, o rio Negro e o rio Solimões se unem e formam o rio Amazonas.

Com a independência do Brasil, em 1822, o curso d’água manteve sua importância. Além de delimitar o território nacional, o rio foi fundamental para a criação de uma identidade nacional entre as populações indígenas que vivem nos seus arredores.

Nas décadas seguintes, foi implantada a navegação a vapor, otimizando o transporte dos produtos extraídos na floresta. O rio Negro mantém papel crucial na infraestrutura e no desenvolvimento da Região Norte.

O curso d’água também é utilizado para o transporte de passageiros e é destino turístico, principalmente para os praticantes da pesca esportiva.

Inaugurada em 24 de outubro de 2011, a ponte sobre o rio Negro é a única que atravessa o trecho brasileiro do rio Negro, sendo considerada a maior ponte fluvial e estaiada do Brasil, com 3,6 quilômetros de extensão (3595 metros). Ela conecta Manaus aos municípios de Iranduba, Manacapuru, Novo Airão e Caapiranga e tem significativa importância econômica e social para os municípios da Região Metropolitana de Manaus.

O Rio Negro é um dos três maiores rios do mundo, sendo que passam mais águas por seu leito do que em todos os rios da Europa. Seu volume d’água perde somente para o rio Amazonas, o qual ele próprio ajuda a formar.

É o maior rio de águas pretas do mundo e o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas, na Amazônia. No entanto, o rio Negro é mais lembrado por ser um dos personagens que dão origem a um espetáculo de imensa beleza: quando se encontram com as águas barrentas do Rio Solimões, as águas escuras do Rio Negro, que variam da cor marrom-café até a cor marrom-oliva, afluem juntas, sem se misturarem e essa junção bicolor permanece por cerca de 10 km. Quando finalmente se misturam, são nomeados de rio Amazonas.

As águas negras do rio Negro escondem milhares de ilhas na época da cheia, que são reveladas depois que passa esse período.

Porém, mesmo sendo escuras, as suas águas possuem uma transparência que varia entre 1,3 m e 2,3 m.

Mas por que as águas do rio Negro são tão escuras?

Isso foi alvo de especulação durante cerca de 200 anos por vários cientistas. Apenas no início da década de 80, veio a resposta por meio dos estudos do químico americano Jerry A. Leenheer.

As águas de todos os rios dependem em grande parte das interações químicas e físicas, como infiltração e escoamento, com as extensas áreas terrestres de drenagem adjacentes.

As águas pretas do rio Negro e de muitos de seus efluentes possuem valores de PH entre 3,8 e 4,9, sendo, portanto, ácidas. Isso ocorre em razão da grande quantidade de substâncias orgânicas dissolvidas oriundas da drenagem dos solos arenosos adjacentes ao rio, que possuem como vegetação a campina, a campinarana ou as caatingas amazônicas.

A cor do rio Negro é resultado dos ácidos húmicos e fúlvicos, resultante da decomposição do húmus no solo, lentamente transportados para suas águas.

O húmus é uma compostagem natural realizada pelo sistema digestório das minhocas, por bactérias e fungos, que decompõem a matéria orgânica, agregando ao solo os restos de animais e plantas mortas e seus subprodutos. É o mais completo adubo, não possuindo cheiro, sendo asséptico, rico em micro e macronutrientes, além de possuir textura macia em razão da granulometria das partículas do solo.

Aproximadamente metade da matéria orgânica solúvel das águas do Rio Negro é de substâncias húmicas e a outra metade corresponde a ácidos orgânicos sem cor.

Além disso, em regiões de relevo plano em baixas altitudes, ocorre um fenômeno denominado podzolização, em que as chuvas removem do solo as partículas de argila e o material orgânico, formando os solos arenosos chamados de podzóis. Isso produz uma camada superficial de solo, constituído basicamente de grãos de quartzo, que é a areia branca. As regiões do médio e alto Rio Negro possuem clima muito úmido e relevo plano, o que favorece a gênese desses solos e, por consequência, a formação de águas pretas.

Isso acontece da seguinte maneira: a camada de argila que fica abaixo da areia branca funciona como uma espécie de filtro que retém a matéria orgânica que passa com facilidade pela areia. As raízes das plantas alcançam esse solo arenoso que está rico em nutrientes, fazendo com que elas se desenvolvam e, consequentemente, aumentem a quantidade de restos de folhas e ramos no solo, o que leva a um acúmulo de substâncias orgânicas decompostas e que vão sendo, com o tempo, dissolvidas nas águas do Rio Negro.

Com areia branca e água com reflexo azulado, esse é o aspecto que o Rio Negro proporciona às diversas praias amazônicas, encontradas ao longo dos diversos Municípios por onde passa.

Fonte: YouTube, Google.

You may also like

Leave a Comment

Fale pelo WhatsApp

Envie um E-mail

© 2022. Portal Olá! Salve Salve!