Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado.
Os indígenas brasileiros formam hoje um contingente que representa cerca de 0,47% da população brasileira.
De acordo com o censo do IBGE (2010), há 896.917 indígenas no país. Sendo que, desse total cerca de 60% vivem em terras indígenas oficialmente reconhecidas pelo Governo Federal.
Deste número, 324.834 moram nas cidades e 572.083, em áreas rurais. A região norte é a que possui a maior população indígena do país.
De acordo com o censo do IBGE (2010), existem 305 grupos étnicos no Brasil.
Dentre eles, há dois troncos principais:
MACRO – JÊ: que incluem os grupos Boróro, Guató, Jê, Karajá, Krenák, Maxakali, Ofayé, Rikbaktsa e Yatê.
TUPI: onde estão os Arikém, Awetí, Jurúna, Mawé, Mondé, Mundurukú, Puroborá, Ramaráma, Tuparí e Tupi-Guarani.
As 10 principais tribos indígenas no Brasil, segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), as tribos que mais se destacam pelo número de habitantes são:
Guarani: originários do tronco da família linguística tupi-guarani, os guaranis somam cerca de 85 mil habitantes no país. Eles vivem em diversos Estados do Brasil e estão divididos em três grupos: kaiowá, mbya e ñadevaesse.
Ticuna: pertencente à família linguística ticuna, apresenta cerca de 50 mil habitantes, que estão na Amazônia, sobretudo às margens do rio Solimões. Eles são considerados o maior grupo indígena que vive na região.
Caingangue: proveniente do tronco da família linguística macro-jê, os caingangues reúnem cerca de 45 mil pessoas. Estão em quatro Estados do Brasil: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Macuxi: da família linguística Karib, os macuxis encontram-se, em grande parte, no estado de Roraima. Cerca de 30 mil indígenas vivem em aldeias e pequenas habitações isoladas pelo Estado.
Guajajara: oriundos do tronco da família tupi-guarani, os 27 mil guajajaras existentes moram no Estado do Maranhão.
Terena: da família linguística aruak, há cerca de 26 mil pessoas dessa etnia no território brasileiro. Encontram-se nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Yanomami: da família linguística yanomami, esse grupo reúne cerca de 26 mil pessoas nos Estados do Amazonas e Roraima.
Xavante: originários do tronco da família linguística macro-jê, os xavantes têm uma população de 18 mil habitantes, que estão concentrados em reservas indígenas no Estado do Mato Grosso.
Potiguara: pertencem ao tronco da família linguística tupi-guarani. Os potiguaras somam cerca de 18 mil pessoas nos Estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Pataxó: da família linguística pataxó, esse grupo reúne cerca de 12 mil pessoas nos Estados da Bahia e Minas Gerais.
A cultura indígena é diversa e cada etnia tem seus hábitos próprios e um jeito de se relacionar com o mundo. Ainda assim, muitas tribos compartilham modos de vida, rituais e organização social semelhante.
Atualmente, existem 274 línguas indígenas no Brasil, segundo o censo do IBGE de 2010. Muitas delas surgiram dos troncos linguísticos tupi e macro-jê.
A oralidade é algo notório nas comunidades indígenas, sendo que grande parte da cultura é transmitida desta maneira.
De modo geral, os indígenas do Brasil vivem em habitações coletivas, compartilhando ocas ou malocas, feitas geralmente de madeira e palha.
Esses locais, de grandes dimensões, não possuem divisões e geralmente abrigam várias famílias.
A divisão de tarefas é muito clara nas sociedades indígenas, de modo que os homens ficam encarregados da caça, da defesa do território e das construções.
As mulheres, se encarregam do plantio e colheita dos alimentos, além de cuidar das crianças e produzir os utensílios e adornos utilizados pela tribo.
A religião indígena, a grosso modo é panteísta, onde não existe somente uma figura relacionada a um ser criador.
Nos rituais religiosos, os indígenas costumam reverenciar os seres ancestrais e a natureza.
O XAMÃ, também chamado de PAJÉ é o responsável por fazer a mediação entre o mundo espiritual e terreno. Os rituais variam entre as tribos e podem ocorrer pela toma de algumas substâncias (geralmente alucinógenas), as quais irão fazer a ligação entre os mundos espiritual e material.
A arte indígena é extremamente rica e se manifesta na música, dança, arte plumária, cestaria, cerâmica, tecelagem e pintura corporal.
O uso das cores e de certos materiais está relacionado aos ritos de passagem, celebrações agrícolas e do cotidiano.
Entre as tribos do Brasil, podemos citar especialmente a cerâmica marajoara, que emprega um sem número de formas geométricas para compor utensílios domésticos.
Primeiros habitantes do Brasil, na época dos descobrimentos havia cerca de 5 milhões de indígenas espalhados pelo país. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, encontraram uma população indígena que habitava o litoral.
Os indígenas que Cabral encontrou na Bahia pertenciam ao grupo linguístico tupi. Num primeiro momento, os contatos entre indígenas e brancos foram razoavelmente cordiais e marcados pelo escambo, ou seja, a troca de produtos.
O trabalho de derrubar o pau-brasil e preparar a madeira para embarque eram feitos pelos indígenas, em troca de roupas, colares, espelhos, facas, serras e machados.
Quando o português implantou um sistema colonial e pretendeu transformar o indígena em escravo agrícola, segregou-os nos engenhos e privou-os da caça, da pesca e da luta contra os inimigos. Assim, instalou-se uma guerra entre brancos e indígenas.
As populações indígenas perderam suas terras e sofreram um aniquilamento progressivo.
A capitania de São Vicente (São Paulo), nos séculos XVI e XVII, foi o maior exemplo disso. De lá partiram as Bandeiras de caça ao indígena, que promoviam verdadeiras guerras de extermínio.
O conjunto de ocas formava a aldeia ou taba. Várias tabas formavam uma tribo e um conjunto de tribos formavam uma nação.
Os indígenas adoravam vários deuses, admitiam uma trindade superior composta por Guaraci (o sol), Jaci (a lua) e Perudá ou Rodá (Deus do amor).
O chefe religioso da aldeia era o pajé, que possuía poderes mágicos.
Adoravam as forças da natureza (vento, chuva, relâmpago, trovão) e tinham medo dos maus espíritos.
Um desses maus espíritos, por exemplo, era o Jurupari, que provocava pesadelos e apertava a garganta das crianças de noite.
O casamento era monogâmico, embora os chefes tivessem tantas esposas quanto pudessem sustentar, pois o número de esposas era fator de prestígio em certas tribos.
Quando um jovem desejava casar com uma moça de outro grupo, trabalhava para seu futuro sogro por algum tempo.
Para os Carajás, era considerado apto para o casamento o jovem que carregasse um tronco de madeira pesadíssimo e entre os curinas, os noivos tinham que suportar uma surra de chicote.
Quando os indígenas necessitavam de novos campos de caça, em virtude da escassez de animais, ou quando desejavam terras mais férteis, valiam-se da guerra.
Desenvolvia-se assim, geração após geração, um ideal guerreiro de masculinidade, coragem e força.
A antropofagia entre os indígenas não era provocada pela ausência de alimentos. Os indígenas devoravam seus semelhantes por dois motivos: vingança e culto aos antepassados.
Em algumas tribos devoravam-se também os próprios membros da tribo que faleciam de morte natural. Acreditavam que desta forma assimilavam as virtudes do parente falecido.
Desde a época colonial houve interesse em conhecer os indígenas, a fim de torná-los aliados contra invasões de outros europeus.
Assim, a primeira forma para entender os indígenas foi reuni-los em grupos linguísticos ou grandes nações, das quais se destacaram:
Tupi – espalhavam-se por toda a costa atlântica e várias áreas do interior;
Jê ou Tapuia – viviam no Planalto Central brasileiro;
Aruak – habitavam, em grande parte, na Bacia Amazônica;
Karib – ocupavam o norte da Bacia Amazônica.
O povo brasileiro tem vários costumes herdados dos indígenas. Entre eles destacam-se:
o uso da rede de dormir;
a utilização do milho, da mandioca, do guaraná e demais frutos nativos;
o emprego de várias ervas medicinais;
as técnicas de fabricação de canoas, jangadas e artefatos de palha e cipó;
o uso da queimada das roças antes de fazer novo plantio etc.
A língua portuguesa falada em nosso país possui uma infinidade de palavras de origem indígena, como Iara, Jaci, Itu, Itapetininga, Anhanguera, tapioca, beiju, pamonha, gamela, puçá, arapuca, dentre outras.
Os indígenas contribuíram para a formação do povo brasileiro. Na sociedade colonial, a união entre indígenas e brancos – no princípio, ilegítima – ganhou o nome de “MAMELUCO” ou “CABOCLO”. Por sua vez, da união entre indígenas e negros, que ocorreu em menor grau, chamou-se “CAFUSO” ou “CABURÉ”.
Formação de Tribo Indígena:
CACIQUE – O cacique é uma espécie de “chefe” político da tribo, responsável por organizar e cuidar de questões referentes aos indígenas, como o modo de vida, os rituais e até mesmo punições.
TUCHAUÁ – A Palavra “Tuchaua” (que originalmente se escreve com X, “Tuxaua”) tem origem indígena vinda do Tupi-Guarani que significa “Aquele que manda” ou “o Manda-chuva”. Liderança política dos povos indígenas, o tuxaua é uma figura que representa a sabedoria da aldeia. Também é conhecido na língua portuguesa como cacique.
CUNHÃ PORANGA – É o termo usado para mulher bonita da tribo.
CUNHATÃ – Essa palavra tem como origem a língua tupi e até hoje ela é usada em frases de indígenas pelo Brasil e até fora do brasil. que significa: 1º.) moça; 2º.) menina.
CURUMIM – O mesmo que: jovens, criados, garotos, meninos, rapazes, rapazinhos.
CARIOCA – Veio do tupi kari’oka, que significava casa (oka) do homem branco (kari).
INDIGENA – Sinônimo de: aborígene, autóctone, nativo, indígena.
Anhanguera – Na língua Tupi significa diabo velho (anhang = espírito temível; puêra = velho) e esta é uma palavra bem conhecida dos brasileiros, principalmente dos paulistas que trafegam pela Rodovia Anhanguera.
CAIPIRA – Os indígenas chamavam os colonizadores portugueses de caipira, que em Tupi significa cortador do mato, para se referirem aos homens que habitavam o mato (cáa = mato; pira= cortar).
PINDAÍBA – É uma palavra comumente usada para se referir à pessoa que está sem dinheiro e passa por um estado de penúria financeira. Na língua Tupi é a junção das palavras pindá (que significa anzol com iba que é ruim). O pescador que tem um anzol ruim não consegue pegar nenhum peixe e fica em uma má situação, na miséria, ou seja, na pindaíba.
Fonte: GOOGLE; WIKIPÉDIA; FIBGE; Juliana Bezerra/Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ – Professora de História; José Ribamar Bessa Freire: A língua que somos (2013); Da Língua Geral ao Português: para uma história dos usos sociais das línguas na Amazônia (2003).