Professor Ricardo Tadeu da Silva Onety
Olá leitores!
Futebol e Política se entrelaçam! É impossível não perceber semelhanças fora e dentro dos gramados.
Para haver jogo oficial é exigido pela FIFA que o campo, deva possuir dimensões oficiais, mas nesta partida de uma equipe só: Futebol e Política, a linha demarcatória é imaginária, muito maior e sem limites.
O futebol é muito mais que um esporte. É uma metáfora não tão nova das transformações que o mundo passa e se transforma, com todas suas complexidades.
Ele não acontece somente nas 4 linhas como dizem, o jogo vai além destas dimensões e abriga alguns craques e muitos pernas de pau do lado de fora, infelizmente.
Acredito que se todos tivessem o domínio de bola do Zidane, o controle de bola de Messi e a magia de Ronaldinho Gaúcho, seria menos violento, mais ético e mais fácil apreciar estes dois fenômenos tão importantes da cultura mundial e brasileira e, analisá-los com certa parcimônia.
Uma utopia? Sem dúvida!
Afinal ela serve para isto. É o combustível para continuar caminhando e olhando para frente com entusiasmo e vigor de um novo começo ou recomeço.
Esporte e política sempre estiveram lado a lado, em simbiose eterna.
Será que as sociedades mais primitivas até as contemporâneas, não perceberam esta relação?
Cantava-se e dançava-se ao nascimento de um filho, ao fertilizar o solo, na colheita etc., um ato político inconsciente.
E o “Pão e Circo” dos romanos?
Se tem algo que muitos aprenderam e aperfeiçoaram tão bem, foi esta forma de fazer política: “comida e diversão para colher espectadores saciados e possíveis eleitores alienados”.
O educador e craque Celso Antunes em seus ensaios nos lembra: – “A mais terrível e a mais cruel de todas as copas do mundo, sem duvida foi a de 1938 na França”.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o mais violento e injustificável flagelo humano. Assim mesmo a Copa do Mundo se realizou!
A Copa do Mundo pode ser um parâmetro para analisar o sistema político vigente, lembram a copa de 1970 no México?
*O Brasil era governado pelo general Emílio Garrastazu Médici, a AERP (Agência Especial de Relações Públicas), trabalhou muito bem ao bom momento econômico, e a conquista do Tricampeonato para aumentar a popularidade do Presidente. Facilitado por ser um torcedor fanático. Médici: – “era um gremista e flamenguista fanático” (*Ingrid Faria).
O técnico João Saldanha foi substituído as vésperas da copa do México por Zagalo, seu apelido já indicava sua personalidade, era o “João sem medo”. Perguntado sobre a preferencia de Médici pelo centroavante Dario ou Dadá Maravilha, respondeu Saldanha ao Jornalista – “Eu não escalo seu Ministério e nem o Presidente escala o meu time”.
A copa de 1978 na Argentina é carregada de autoritarismo dentro e fora dos gramados. Esta década a américa latina parecia um grande quartel, influenciados pelos Estados Unidos (espécie de Estado Maior), como forma de manter este continente sobre seu domínio político-econômico, a fim de não se repetir a experiência cubana.
O Brasil saiu como “Campeão moral” e a Argentina Campeã “suspeita de Fraude”, ambas seleções eram maravilhosas!
A copa de 2014 no Brasil?
Essa podemos falar com propriedade, afinal acompanhamos desde o sorteio inicial que segundo a FIFA, era um “rodízio entre os continentes”, saindo um pouco da Europa.
Voltamos para 2007, o que aparentemente seria uma novidade a divulgação da sede, há indícios que o então Presidente da República sabia.
Presenciei aqui em Manaus a preparação da festa, e como atração o grupo Jota Quest, no antigo Vivaldão (estádio demolido), se era surpresa o nome das cidades sedes, como alguém contrataria um show nacional antes do anuncio oficial pela CBF?
*Algo deu errado e as autoridades americanas investigaram o pagamento de propina envolvendo o patrocínio de uma empresa dos USA nesta copa.
O presidente da CBF José Maria Marin foi preso e sob suspeita também a escolha da África do Sul e as eleições presidenciais da FIFA em 2011.
Na sede da entidade em Zurique na Suíça, ainda foram recolhidos documentos relacionados à escolha das sedes das copas de 2018 e 2022. (*Felipe Moura Brasil).
Acredito que descumpriram acordos com os Americanos, desde 1994 a FIFA não realiza copa nos USA.
Seria uma “Guerra Fria” comandada pela FIFA, já que em sequência dois países não democráticos sediariam as copas em 2018 Rússia e 2022 o Qatar?
Por fim, mais uma Copa do Mundo FIFA chegou e um novo panorama mundial se avizinha pós pandemia e em plena guerra na Europa.
A 22ª edição está sendo realizada pela primeira vez no Golfo Pérsico, oriente médio, no menor país a sediar uma Copa, o Qatar.
Com mudanças significativas, a começar pelas alterações nas datas, entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro de 2022, saindo do forte verão para o outono, um clima mais ameno para todos.
Diante de tantas alterações nesta copa, temos talvez a mais significativa: “pela primeira vez nos Jogos da Copa Masculina de Futebol, árbitras e assistentes mulheres!”
Serão 06 e teremos a auxiliar brasileira Neuza Inês Back, de Santa Catarina. Não que a FIFA e Qatar tenham preocupação com a equidade de gênero é que neste mundial as mulheres “são seres inferiores”.
A constituição do Qatar tem como fonte de legislação a “Charia: na prática, uma mistura de Direito Civil e Direito Islâmico”.
Em alguns tribunais de família com base na Charia, consideram que o testemunho de uma mulher vale metade de um homem.
Acreditam ainda que FIFA e o Comitê Organizador estão preocupados com a igualdade de gênero?
Apesar dos problemas e as mazelas provocadas por este “Jogo Sujo” que alguns cartolas provocaram, acreditamos que o esporte em sua essência, no caso o Futebol, recheados com os valores humanos universais e fundamentais ao homem: “ética, solidariedade, respeito às regras ocorram com êxito nesta Copa do Qatar”.
Que o Fair Play ou Jogo Limpo, ultrapasse a barreira esportiva e que estes valores universais provoquem algo transformador nestes bilhões de espectadores.
São essas utopias que devem mover o homem civilizado!
Que a seleção canarinho, retorne ao ninho com a Taça na mão!
