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UM MUNDO MELHOR

by Gilmar Couto

Estevão Monteiro de Paula  – PhD em Engenharia. Professor Titular da Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas.

“Ponha um pouco de amor no ofício”, disse o Presidente de uma companhia, ao ler o documento elaborado por uma excelente funcionária.

O texto era perfeito, obedecia a todas as normas e recomendações técnicas para uma redação comercial.

No entanto, a frieza e a impessoalidade, incomodavam a política da empresa que tinha como princípio a cordialidade.

A atitude da funcionária perfeita, lembra bem Agilulfo, o personagem de Ítalo Calvino no conto “O Cavaleiro Inexistente.”

Um cavaleiro de armadura branca perfeita, limpa e sem riscos, mas internamente havia nele um grande vazio.

Ele é “fisicamente” inexistente, incapaz de sentimentos, de desejos e sensações, mas impecável no cumprimento de suas atribuições.

No entanto, no fim de sua vida militar, percebe que recebera somente condecorações, sem entender como é realmente viver.

Assim está se transformando a sociedade atual.

As relações sociais e de amizades estão se perdendo.

A individualidade cresce cada vez mais e tudo passa rápido, sem se criar referências. Sem heróis e seres humanos capazes de serem admirados.

O romantismo sumiu!

Os personagens importantes nas artes e nos esportes não estabelecem empatia com seus fãs. Assemelham-se a personagens de jogos virtuais.

A música reflete uma frieza inabalada e é requentada de um virtuoso aparato tecnológico.

A união, o patriotismo, as referências, perderam-se.

As atitudes das lideranças políticas e de autoridades executivas e judiciarias construíram valas imensas com a sociedade.

A impressão de descaso das autoridades com os problemas dos indivíduos comuns dá ao indivíduo, a sensação de que ele está desprotegido e provoca um comportamento de “cada um por si.”

Com efeito, a individualidade cresce e a competitividade se instala nas mais diferentes atividades humanas.

Na contramão do futuro promissor, que conta com atividades em grupo e inteligências emocionais encontrar-se-á em breve, uma geração de jovens competentes, mas intransigentes e emocionalmente abalados.

A sensação de perda de uma competição por meio de jogos eletrônicos é atenuada pela distância física do adversário e pela facilidade em se dispor para participar imediatamente de outro jogo.

A perda do jogo eletrônico não tem a penalidade da perda de um jogo real.

Nas competições infantis não existem a sensação de perda, pois todas as crianças recebem uma medalha.

Assim, formam-se seres humanos que não sabem lidar com a perda.

Às vezes é difícil compreender que ao se perder alguma coisa, deve-se esperar ou construir novas oportunidades.

De acordo com o filosofo Zygmunt Bauman, esta nova geração de “modernidade líquida” tem uma dificuldade imensa em saber lidar com os outros.

Os amigos virtuais são rapidamente conectados ou desconectados em redes sociais. Portanto, existem poucos amigos que tenham de fato uma relação que seja pessoal. Segundo Bauman, as relações pessoais estão cada vez mais superficiais e “escorrem entre os dedos”.

É interessante, neste contexto, resgatar a posição do sociólogo francês Michael Maffesoli de que: “está acabando o ideal democrático, para o nascimento do ideal comunitário”.

Segundo o sociólogo a sociedade está se constituindo de diferentes tribos.

Pessoas que não se conhecem, mas defendem a mesma causa, utilizam roupas e tatuagens similares.

Estas “tribos” são fomentadas pelas imagens veiculadas na mídia, provocando efeitos subliminares da imagem, capazes de induzir sua audiência a manifestar-se sobre o assunto.

Portanto, a maioria dos membros das tribos defendem causas que não conhecem de maneira aprofundada.

Especular o futuro é meio pretensioso, considerando a velocidade do desenvolvimento tecnológico e as mudanças radicais do comportamento humano em tão pouco tempo.

As questões religiosas agora manifestadas em países europeus deixam todos atônitos e preocupados com o que pode acontecer, principalmente na França.

Diante de um cenário quase que “macabro” apresentado aqui, deveria ser enfatizada a necessidade premente na revisão da educação, principalmente no Brasil, que pode ser abordado em outro momento com mais atenção.

É preciso que sejam tomadas, urgentemente, atitudes para humanizar a sociedade pós-moderna ou líquida.

Sem sombra de dúvida um dos mecanismos é o ESPORTE.

Nele é possível aprender a hierarquia, o trabalho de grupo, o respeito ao próximo, o respeito as diferenças e o saber ganhar ou perder.

Assim, será possível construir um mundo melhor, mais harmonioso e fortalecido. Com relações humanas saudáveis e apropriadas, aos desafios que podem aparecer no futuro próximo, correlacionados a: danos ambientais, conflitos religiosos e políticos, segurança alimentar e saúde humana e social.

Nesta perspectiva: AMOR É FUNDAMENTAL!

Foto Reprodução: Internet

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