Professor Ricardo Tadeu da Silva Onety
Olá leitores!
O Brasil é um país festeiro e muitas sociedades não entendem porque tanta festa, tanta alegria, tanta animação.
Como podem ser alegres com inúmeras mazelas sociais?
Longe de encontrar resposta ou tentar explicar este sentimento de nosso povo, transcrevo o Slogan do Ministério do Turismo, que indica a importância socioeconômica destas celebrações. A campanha oficial e promocional 2022 das festividades juninas: “Vai ter São João Sim!”
Amplio campanha sem pedir permissão do Ministério e acrescento, “Vai ter Boi de Parintins também!”
Após 02 anos de paralisação que afetou a economia mundial, não seria hora de os brasileiros pararem, refletirem e planejarem seu futuro neste novo cenário?
É tempo de sorrir em plena crise e guerra? Não seria razoável em qualquer país após pandemia de Covid-19 fazê-lo?
No BRASIL é diferente!
A ideia de que por aqui somos inconsequentes, preocupados somente com o hoje, deve ser desmistificado por todos nós. Somos trabalhadores sim e como trabalhamos!
Talvez alguns privilegiados trabalhem pouco e recebam em demasia pela baixíssima produção.
Acomodados?
Mas, somos alegres sim e damos risadas dos nossos graves problemas! A meu ver, pensar assim nos ajuda a manter a utopia de mudança através da cultura, da arte, da poesia, da música. Como se durante as festas e celebrações, todos esses problemas diminuíssem, estariam distantes, mesmo por algumas horas ou dias.
Em estudo encomendado pelo Ministério da cultura à Fundação Getúlio Vargas, divulgado em novembro de 2019, comprovou que a cada R$1 investido em eventos culturais, pelo menos R$13 retornam aos cofres públicos. Ou seja, a cultura é uma das maiores geradoras de emprego e renda, além de benefício individual intangível de ser mensurado.
Merecemos curtir à vida sim e esquecer os boletos, afinal, chegarão com ou sem festa!
Convido todos a revivermos nossa infância e adolescência, onde muitos puderam curtir em volta de uma fogueira junto dos avós, tios, irmãos, primos e agregados, esses sempre apareciam.
As festividades juninas começavam a colorir e fazer barulho por volta do mês de maio, com os primeiros ensaios na escola. Quando começavam não conseguia mais me concentrar nos ditados, trabalhos e tabuadas (conheci a palmatória e vocês?), queria encontrar os amigos, dançar, cantar e principalmente a paquerar!
Uma alegria ingênua de criança. Lembro ainda pequenino minhas irmãs, primas e vizinhas adolescentes, em bacias ou como diz a canção “…Danei a faca no tronco da bananeira, não gostei da brincadeira Santo Antônio me enganou. Sai correndo lá pra beira da fogueira vê meu rosto na bacia, a água se derramou…”
Faziam espécie de ritual com os pingos de velas que caiam na bacia e “indicava a letra do possível namorado e/ou esposo”, não sei se dava certo, mas os sorrisos eram largos a cada formação de letra de nosso alfabeto.
As primeiras músicas que ouvia querendo ou não (regalia de quem morava em vila), o carimbó e sirimbó de vizinhas festeiras paraenses, me faz lembrar com doçura de minha infância.
O “carimbó no mato, de Pinduca” – Eu fui no mato morena fui tirar cipó muito longe, ouvi um batuque parecido carimbó… Eu vou de banda, de banda, eu vou de lado, do lado de lá eu fiquei só… dançando no mato carimbó.
Uma canção que canto com nostalgia lembrando das tias do Jardim de Infância – “Cai, cai, balão! Cai, cai, balão! Aqui na minha mão… não cai, não! Não cai, não! Cai na rua do sabão.
Já na adolescência não poderíamos esquecer o forró nordestino. Os instrumentos zabumba, triângulo, acordeão, sanfona de fole e outros, parecem que possuem almas próprias. Sem eles não tem forró, baião ou xaxado! Elba, Moraes Moreira, Alceu Valência (Morena tropicana) e tantos outros.
Escolher será tarefa difícil: a primeira tem Gonzagão, Sivuca, Dominguinhos e Armandinho – “Aproveita gente que o pagode é quente, É forró pra toda essa gente se espalhar…Êita coisa boa! Êita pessoa! Hoje aqui a páia voa vamo gente aproveitar (Aproveita gente).
Acredito que muitos dançaram esta canção – “O forró daqui é melhor que o teu… O sanfoneiro é muito melhor…As moreninhas a noite inteira… Na brincadeira levanta pó. É animado ninguém cochila… É proibido cochilar, cochilar, cochilar. A poeira sobe o suor desce…A gente vê o sol raiar…O sanfoneiro padece…Mas não pode reclamar… Está ganhando dinheiro…É bom dinheiro ganhar…E leu na entrada que é proibido cochilar. Cochilar, cochilar.
E o nosso querido Boi de Parintins? Merecia várias crônicas e não acabaria de descrever tanta riqueza cultural! Só quem foi saberá o real significado destas letras – “Em Parintins você vai ver o que é amor! …Levante os braços que o céu derrama O véu da noite num abraço. A gente pega quem navega nesse barco… Batendo Palmas, aquece o fogo. Acerta o jogo, acendo a alma…Se a minha lágrima rolar, entrego às águas. Boi Garantido eu sou…Com Garantido eu Vou, Pois Garantido eu sou.
A Festa dos visitantes acabou! Mais os festejos juninos estão só começando… “Sejam bem-vindos os visitantes que vem trazendo o seu alô. Alô pra quem traz a esperança e azul seus olhos vão brilhar… sorriso de uma criança vai fazer você cantar… Alô a morena bonita, alô pra quem vai chegar…alô do boi Caprichoso campeão desse lugar.
Com dois pra lá e dois pra cá, termino estas linhas com a esperança de dias melhores para todos os brasileiros. Renovados pelo brilho do Sol diferente deste mês de junho, da música e ritmos cadenciados, das delícias das comidas típicas regionais, possamos de mãos dadas continuar contribuindo para a retomada do desenvolvimento deste BRASIL multicolorido, sem perder o ritmo.
Que gringos e brasileiros, cantem e dancem essa canção sem parar – “Olha para o céu, meu amor. Vê como ele está lindo, olha praquele balão multicor, como no céu vai sumindo. Foi numa noite, igual a esta… Que tu me deste o teu coração. O céu estava, assim em festa…Pois era noite de São João.
Viva o folclore! Viva Nosso Boi de Parintins!
No mês de junho a cidade toda fica na espera…
