HISTÓRIAS E LENDAS AMAZÔNICAS: FRUTOS E FRUTAS DA AMAZÔNIA

Por Gilmar Couto
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Paulo Almeida Filho – Servidor Público Federal Aposentado.

O Fruto é um termo da botânica usado para designar o ovário amadurecido da flor das angiospermas.

A Fruta é um termo popular dado às partes comestíveis, geralmente suculentas e adocicadas, que se originam da flor.

Essas características diferenciam frutos e frutas, pois nem sempre as frutas se desenvolveram do ovário. Assim, nem toda fruta é um fruto verdadeiro.

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Domesticar plantas, de forma geral, significa alguém tirá-las do ambiente natural porque têm alguma utilidade, como árvores que produzem frutos comestíveis, para plantá-las próximo as casas ou desenvolver plantios em maior escala.

A domesticação acaba por resultar na prevalência de características genéticas superiores que atendam as necessidades humanas, como frutos maiores, mais doces, menos caroços ou árvores mais baixas para facilitar a colheita.

No caso da Amazônia, muito antes de os grupos de pesquisa entrarem em cena ou os caboclos experimentarem novidades em seus quintais, os povos pré-colombianos da região já colocavam em prática seu conhecimento tradicional milenar na domesticação primitiva de castanheiras e pupunheiras, entre outras. “Domesticavam para sobreviver, num trabalho empírico, lento e minucioso, ao passo que, atualmente procura-se mais atingir objetivos econômicos, como o maior rendimento de polpa, cabendo à pesquisa modificar o padrão genético da espécie tendo em vista a obtenção das características desejadas”, observa o pesquisador José Edmar Urano de Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental em Belém.

Esses cientistas buscam técnicas de manejo, métodos de propagação por semente ou muda, adubação e nutrição, sistemas de produção (em especial a utilização de espécies frutíferas amazônicas em sistemas agroflorestais), clones e cultivares, entre outras tecnologias para uso da terra, que sejam, ao mesmo tempo, economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente justas.

Essas premissas apresentam-se indispensáveis em uma região que abriga a maior floresta tropical do planeta, o maior banco genético, a maior bacia hidrográfica, o maior bioma, mais de 20 milhões de habitantes e, na vida agrícola, a maioria de agricultores familiares descapitalizados, com baixo nível tecnológico e baixa eficiência econômica na produção.

“O Brasil é o segundo grande centro de origem de espécies frutíferas tropicais, atrás apenas do Sudeste Asiático”.

“Na Amazônia Brasileira concentram-se 44% das 500 espécies de frutas nativas do País.

Estudos mencionam a existência de 220 plantas produtoras de frutos comestíveis na região, mas ainda são poucas as domesticadas, vindo a maioria do extrativismo”, situa Urano de Carvalho, que, em seu artigo “Frutas da Amazônia na era das novas culturas”, de 2012, enfoca a importância de frutíferas amazônicas e detalha suas perspectivas futuras, intercalando dados recentes com curiosidades históricas.

O consumo de frutas fornece vitaminas, fibras e outras substâncias capazes de combater doenças, prevenir o envelhecimento e regular o funcionamento do organismo. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo diário de três a cinco porções de frutas, conforme as necessidades da pessoa.

Uma alimentação rica em frutas é fonte de saúde e bem-estar e a diversidade de frutas que temos disponível é enorme.

Algumas frutas nativas da Amazônia, por outro lado, são há muito cultivadas em larga escala, como o abacaxi (Ananas comosus L.), o cacau (Theobroma cacao L.), o caju (Anacardium occidentale L.) e o maracujá (Passiflora edulis Sims).

Com o progresso da agronomia e da engenharia genética é possível abreviar o processo de domesticação. Porém, conforme Homma salienta, um tempo mínimo de cinco a dez anos, mais até, é necessário para se efetuar a seleção de uma planta adequada, fixando a parte útil que interessa para ser comercializada, a exemplo das características superiores de resistência a doenças, maior produtividade, adaptação ao ambiente, qualidade final do produto e maior longevidade.

O bacuri, de polpa mais cara entre as frutíferas nativas da Amazônia, com 95% da produção na região Norte concentrados no Pará, também começa a chegar aos mercados, proveniente de áreas de manejo, porém o extrativismo ainda impera.

O Pará também concentra a maior produção de cupuaçu do Norte (65%), quase totalmente de cultivos comerciais, os mais antigos, iniciados nos anos 1970. 

O tucumã e a pupunha, empatam no gosto popular quando consumidos com café. O primeiro entre amazonenses (em lascas no “x-caboquinho”) e entre paraenses (cozida), estão separados pela distância tecnológica.

Enquanto a pupunha, a única palmeira amazônica totalmente domesticada é plantada, a oferta de tucumã ainda é totalmente extrativa.

Se o consumo dessas duas é forte, o mesmo não acontece com o murici. Segundo o pesquisador Urano de Carvalho, a fruta, que atraiu a atenção de renomados chefs de cozinha por seu aroma e gosto salgado, lembrando queijo, está sendo resgatada pela pesquisa para que a população recupere o hábito de consumo e a fruta não desapareça definitivamente do mercado.

Carvalho conta que antigamente as frutas nativas eram mais consumidas na região, mas a facilidade de transporte trouxe outras de fora e as amazônicas foram relegadas à posição secundária. Ou então se tornaram caras e escassas, como bacuri e pequiá, porque suas árvores fornecem madeira e por isso são derrubadas.

Fenômeno contrário aconteceu com o açaí, a estrela do time, que há duas décadas é alvo de crescente demanda entre consumidores no Brasil e exterior, com reconhecidos benefícios à saúde por seu alto teor de antocianina (antioxidante) e fibras.

Em 2014, de acordo com Carvalho, o fruto do açaizeiro ocupava o primeiro lugar na produção de frutas no Pará (foram quase 800 mil toneladas, cerca de 95% da produção nacional e 90% do Norte), o segundo na região Norte e o décimo terceiro no Brasil, vindo logo após o maracujá e com volume de produção superior ao do melão e da goiaba.

Em sua maior parte, o açaí é proveniente do manejo, em segundo lugar de açaizeiros plantados em terra firme (com e sem irrigação) e, em menor escala, de açaizais extrativos.

Algumas tecnologias disponibilizadas pela Embrapa na Amazônia são um marco na história das fruteiras e palmeiras nativas. Abaixo algumas campeãs no gosto dos Amazônidas:

Açaí: É um dos mais populares frutos da Amazônia, sendo bastante comercializado em todo o país. No entanto, quase toda a produção brasileira se concentra na região Norte.

Pouca gente sabe, mas, além da fruta, um palmito, de atrativo valor comercial é extraído da palmeira da árvore. Além disso, na região Norte, a pasta de açaí é consumida com comidas salgadas e tem sabor muito diferente das preparações doces que conhecemos.

Cupuaçu: Típico da Amazônia, seu uso mais comum é em forma de cremes, sorvetes e sucos. De suas sementes é possível a fabricação de chocolate e doces.

O consumo do cupuaçu é indicado como fonte de energia. Possui ácidos graxos que auxiliam na diminuição do colesterol, além de vitamina A e C, vitaminas B1, B2 e B3, fibras e sais minerais como cálcio, fósforo e selênio.

Guaraná: é um estimulante: aumenta a resistência nos esforços mentais e musculares e diminui a fadiga motora e psíquica. Por meio das xantinas que possui (cafeína e teobromina), o guaraná produz maior rapidez e clareza do pensamento.

Entretanto, se ingerido em excesso, provoca efeitos colaterais como insôniairritabilidadetaquicardiaazia e dependência física.

Taperebá: Conhecido no Nordeste como cajá, tem o tamanho idêntico ao de uma pequena ameixa.

A casca é uma película que envolve polpa de não mais de 3 mm de espessura, aderente a um caroço que é a parte maior da fruta. Ele é amarelo-escuro, muito perfumado, ácido, mas de excelente sabor adocicado.

Especialmente apreciado em refrescos, sorvetes e licores. O “taperebazeiro” é uma árvore de porte médio, até 25m de altura, tem formato cilíndrico, com arredondamento nas extremidades.

A colheita se estende de janeiro a maio. Com vasta distribuição tropical, esta fruta encontra-se, hoje, largamente difundida nas regiões norte e nordeste.

Tucumã: é uma fruta típica da região norte do país, mais precisamente, da Amazônia.

De acordo com pesquisas realizadas, o tucumã é rico em vitaminas A, B1 e C. Além de ter um alto teor de antioxidante, que previne o envelhecimento precoce das células.

Mas é graças a produção de ômega 3, que o tucumã vem sendo cada vez mais usado. Pois é uma gordura que ajuda a reduzir inflamações e colesterol e ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue, o que torna o tucumã um forte aliado no controle do diabetes.

O tucumã ainda ajuda a fortalecer o sistema imunológico, dando longevidade aos amazonenses. O consumo da fruta é diversificado e pode ser usado, não só na culinária, mas também como cosmético: “In Natura”, a polpa pode ser usada para fazer suco ou como acompanhamento de outros alimentos.

Pupunha: Típica da Amazônia é uma fruta rica em proteínas, carboidratos e minerais. Apresenta, ainda, alto teor de vitamina A.

Seus nutrientes auxiliam no fortalecimento do sistema imunológico. Seus frutos são cozidos com sal antes de serem consumido.

Maracujá: É uma fruta que faz parte das plantas do gênero Passiflora.

Grande número de espécies de maracujá são conhecidas e utilizadas para diferentes finalidades, dividindo-se, basicamente em: comestíveis, medicinais ou de uso na indústria para a fabricação de produtos de beleza.

O Brasil possui mais de 150 espécies silvestres de maracujá. Algumas brasileiras, como é o caso do maracujá pérola, cuja casca lembra a de uma melancia.

Embora o maracujá seja conhecido pela sua ação calmante, estudiosos afirmam que esse benefício de fato existe, porém, na maior parte das variedades, esse efeito tranquilizante está mais concentrado nas folhas e caules da planta.

Abacaxi: Encontrado originalmente em toda a América do Sul tropical, o abacaxi é rico em vitamina C e contribui para o funcionamento do sistema imunológico. Também auxilia na perda de peso e alívio das dores musculares.

Bacaba: Nativa da Amazônia. A partir desta fruta prepara-se o vinho que pode ser consumido com farinha de mandioca e açúcar.

O óleo de bacaba é também muito utilizado na pele, especialmente por agir de forma nutritiva e revitalizante. É uma fruta rica em proteínas e carboidratos, sendo recomendada para Atletas.

Abacate: Originário da América Central, possui vitaminas A, B, C, D, E, proteínas, cálcio, magnésio, fósforo, ferro e potássio.

O Brasil é, provavelmente, o único lugar do mundo que o consome como sobremesa, utilizando açúcar e leite. Em outros países é usado como um alimento temperado com sal e azeite.

Banana: Rica em minerais e vitaminas que auxiliam no sistema imunológico, pode ser consumida fresca, cozida, frita, assada ou desidratada. Importante lembrar que existe grande variedade de bananas no mundo, no Brasil as mais conhecidas são: nanica, ouro, maçã, prata e da terra.

Biribá: Típica da Amazônia é uma fruta de sabor suave e adocicado, sendo muito consumida em estado natural.

Também é utilizada para preparação de sucos e sorvetes. Seu consumo auxilia no funcionamento intestinal e fortalece o sistema imunológico.

É rica em vitamina C e potássio, além de apresentar proteínas, lipídeos, fibras e sais minerais. Floresce durante o ano todo, predominantemente entre os meses setembro e dezembro e a maioria dos frutos amadurece em março e junho.

A árvore mede entre 4 e 18 metros de altura, possui uma copa bastante densa e em forma de pirâmide. O fruto é seco e se abre quando maduro liberando, pela força da gravidade, entre 1 e 4 sementes.  

Cacau: De origem brasileira, da região Amazônica é a matéria-prima do chocolate.

Essa fruta é rica em fibras e minerais, como ferro, fósforo e cálcio. Também pode ser consumida como suco.

Ingá: Originária da Amazônia, a polpa da fruta envolve a semente, sendo consumida em estado natural, apresenta uma polpa branca e adocicada.

É rica em sais minerais. Pode ser utilizado como chá para cicatrizante e xarope no tratamento de bronquite.

Jenipapo: É uma fruta com alta concentração de ferro e cálcio.

Apresenta suco de cor forte, que era utilizada pelos índios para pintar o corpo. Possui polpa suculenta, de aroma forte e sabor ácido e doce e é indicada para o tratamento de inflamações intestinais, anemia e asma.

Mamão: É uma fruta rica em vitaminas: C e E e minerais: cálcio, fósforo, ferro.

Auxilia a digestão e combate a constipação intestinal, além de melhorar a aparência da pele. Os tipos mais comuns no Brasil são: formosa e papaya.

Goiaba: Nativa da América Central é uma fruta bastante cultivada e apreciada no Brasil.

Rica em vitamina C, A, E e quase todas do complexo B, além de minerais, em menor quantidade. É muito utilizada na fabricação de doces, sendo que o mais conhecido é a goiabada.

Laranja: Rica em vitamina C é rica em ácido cítrico.

Indicada para prevenir o câncer, fortalece o sistema imunológico, reduz o colesterol e protege o coração. É consumida in natura, em forma de sucos e no preparo de sobremesas.

Melancia: Originária da África se adaptou no Amazonas.’

É rica em água, o que a torna muito refrescante. Possui açúcar, cálcio, fósforo e ferro e apresenta capacidade antioxidante e anti-inflamatória.

Araçá-boi: Também conhecida como araçá-do-sertão ou araçá-mark é planta originária na Amazônia Ocidental.

Pertencente a família das Myrtaceae, a mesma da goiaba e jabuticaba. Frutifica de janeiro a maio.

O fruto arredondado, de cor amarelada quando maduro, contém muitas sementes e é bastante aromático.  De sabor delicioso são consumidos ao natural ou usados como ingrediente na produção de doces, sorvetes e bebidas.

Suas folhas e os brotos novos fornecem matéria corante. Suas raízes são tidas como diuréticas e antidiarreicas.

A casca pode ser utilizada para a aplicação em curtumes. Quanto ao aspecto nutritivo, o araçá-boi possui vitamina A, B, C, além de altas taxas de proteína e carboidratos.

Camu-Camu: É um fruto arredondado, de coloração avermelhada quando jovem e roxo-escura quando maduro.

Uma Polpa aquosa envolve a semente de coloração esverdeada. Frutifica de novembro a março.

A árvore é um arbusto de pequeno porte que pode atingir até 3 metros de altura. Espécie silvestre que ocorre predominantemente ao longo das margens de rios e lagos, com a parte inferior do caule frequentemente submerso.

O camu-camu apresenta alto valor nutritivo de vitamina C em sua polpa, superior ao da acerola. Fruto de planta nativa da Amazônia, se encontra disperso em quase toda a região.

Buriti: Pertencente a família das palmáceas, predomina em extensa área que cobre praticamente todo o Brasil central e o sul da planície Amazônica.

Espécie de porte elegante, seu caule pode alcançar até 35 m de altura. Com polpa amarela que cobre uma semente oval dura e amêndoa comestível, frutifica de dezembro a junho e vive isoladamente ou em comunidades, que exigem abundante suprimento de água no solo.

O buriti possui várias utilidades, dentre elas a produção de uma bebida conhecida por “vinho de buriti”. Possui um óleo que também é utilizado contra queimaduras, por possuir efeito aliviador e cicatrizante.

Existem muito outros frutos e frutas, não enumerados aqui, porém, nesse artigo ficamos descrevemos apenas esses.

Fonte: GOOGLE; WIKIPÉDIA; Izabel Cristina Drulla brandão; Siglia Souza; Embrapa Amazônia Ocidental: uol.com.br/vivabem/noticias/redação; INPA; Portal Amazônia; Armando Falconi.

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